À conversa com Davide Susca, descobrimos um artista plástico que encontra na natureza uma fonte de inspiração e na arte uma forma de transmitir a sua mensagem sobre a sociedade e o mundo atual.
Através da arte busco uma linguagem diferente que se adapte à situação que nossa sociedade atualmente atravessa. Procuro no ato de criação, deste meio de expressão, uma estreita coerência com a minha sensibilidade e consciência ambientalista e ecológica.
Fale-nos um pouco de si, do seu percurso e de como surgiu o gosto e a vontade de se dedicar às artes plásticas?
Sou de origem italiana. Nasci no Luxemburgo em novembro de 1970 e resido em Portugal desde 2005.
Sou licenciado em Arquitetura de Interiores pela Académie Royale des Beaux-Arts de Bruxelles e sempre demonstrei interesse pelas artes desde miúdo, em particular a pintura. Acredito que o meu tio pintor me transmitiu o gosto pela pintura. A Arte plástica é uma forma de me abstrair da realidade, às vezes difícil de encarar.
Nas suas obras podemos observar fascinantes jogos de cores e de materiais com diferentes texturas. Que técnicas e correntes de arte com as quias mais se identifica?
Identifico-me com técnicas mistas e a “Arte povera” um movimento italiano dos anos 70. Reciclar na arte foi sempre para mim primordial.
Tem algum artista que o inspira e particularmente admira?
Gosto de vários desde Monet , Pollock, Alberto Burri , Armand entre outros.
Como é o seu processo criativo? Primeiro observa, pensa a obra e depois escolhe a técnica, materiais, etc., que mais se adequa à sua visão do que pretende representar?
O meu processo criativo depende de vários fatores. A inspiração vem com reflexões e observações, mas na maioria das vezes é criando com o material que surge a ideia e a obra. Como dizia Picasso “a inspiração vem trabalhando”.
No seu processo criativo também utiliza materiais recolhidos durante passeios ao ar livre. Ao utilizar esses materiais, cria obras fascinantes onde a cor, o relevo e as texturas dos diferentes materiais convivem e interagem harmoniosamente. É na natureza que encontra a sua fonte de inspiração?
Sim é na natureza que encontro a minha inspiração e nos próprios materiais que, infelizmente, encontro nessa mesma natureza.
Que materiais usa habitualmente e quais os que mais gosta de utilizar?
Utilizo vários materiais. Depende do meu estado de animo. O plástico e a serapilheira são os materiais que se adaptam melhor às minhas obras tal como o ferro e ferrugem.
Ao utilizar estes materiais que recolhe e “recicla” nas suas obras, também pretende ser interventivo, chamando a atenção para as questões ambientais?
A reutilização desses materiais em particular o plástico, exprime uma chamada de atenção para o problema ambiental.
Considera que a cultura e em especial a arte plástica, tem um papel fundamental na criação de uma sociedade mais consciente e aberta?
Através da arte busco uma linguagem diferente que se adapte à situação que a nossa sociedade atualmente atravessa.
Procuro no ato de criação, deste meio de expressão, uma estreita coerência com a minha sensibilidade e consciência ambientalista e ecológica.
A arte, especialmente, a contemporânea deve transmitir uma mensagem.
Num mundo cada vez mais tecnológico, como vez a influência da tecnologia na criação de arte e na sua divulgação ao público?
A tecnologia serve muito a divulgação da arte globalmente, mas não sou um grande amador de arte virtual e “tecnológica“. Para mim, a alma do artista tem de estar presente na obra.
Infelizmente penso que através da utilização da tecnologia, a arte fica perfeita de mais e perde a dimensão humana (a imperfeição pode ser bela).
Durante a sua carreira como artista, realizou várias exposições individuais e coletivas. Qual foi a mais importante ou a que constituiu um marco impulsionador na sua carreira como artista?
Das exposições que mais me impulsionaram creio que foi a primeira exposição internacional coletiva no Canadá em 2001 e a última em Itália do Prémio Vittorio Sgarbi (influente crítico de arte italiano), em 2021. Foi uma meta alcançada, o meu reconhecimento como artista plástico contemporâneo.
Com que galerias ou outros artistas trabalha? Há alguma exposição para breve, em que vai participar?
De momento, não trabalho com nenhuma galeria o que não está fora dos meus projetos, tanto em Portugal como em Itália e em outros países.
No seu ponto de vista, para além do talento inato, considera que a capacidade humana de nos mantermos curiosos sobre tudo o que nos rodeia é fundamental para que um artista e a sua obra sejam reconhecidos? O que mais considera importante?
A curiosidade e a imaginação são qualidades fundamentais no ato da criação.
A arte dá-nos a liberdade de criar sem limites e isso é importante. Para mim a beleza gráfica e a força da mensagem que a obra pretende transmitir é fundamental.
Que outros interesses ou ocupações para além do trabalho artístico tem?
Gosto muito do mar, mergulhar, surfar e de passear na praia e também de carros clássicos e automobilismo.
Que mensagem quer deixar a todos os que se querem iniciar ou projetar no mundo da arte?
Qualquer pessoa que queira iniciar-se no mundo da arte precisa de ser única, de ter muita paciência, de trabalhar muito e especialmente lutar pelos seus sonhos.
À conversa com Davide Susca compreendemos melhor como, utilizando materiais não convencionais, o artista imbuído num espirito de liberdade, cria obras ao mesmo tempo belas e interventivas. A equipa do blog Hucilluc-Aqui e Ali, liga-nos ao que nos rodeia agradece a Davide Susca esta entrevista.
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