Duarte Burnay, é um jovem artista para quem “A pintura é uma aventura incrível” e que encontra nos espaços comuns das cidades uma grande fonte de inspiração.
“O propósito da Arte é lavar a poeira da vida quotidiana das nossas almas.”
Pablo Picasso
Duarte Burnay, como e quando no seu jovem percurso de vida, decide que a sua paixão é a arte e resolve estudar pintura?
Muito obrigado por me entrevistarem.
Penso que foi quando decidi seguir a área de Artes Visuais no secundário, nessa altura já gostava muito de desenhar e não tive dúvidas de que era a área certa para mim. Durante os três anos do secundário fui desenvolvendo as minhas capacidades e interesse pelo desenho e só um pouco mais tarde pela pintura. Lembro-me de passar muitas aulas teóricas em sala de aula a rabiscar no meu diário gráfico, desenhos de professores e colegas para me “entreter”, foi um hábito que decidi ir levando mais a sério com suportes e escalas cada vez maiores. Aos poucos fui começando as minhas primeiras telas. Foi nessa altura que me senti pleno em relação à pintura. Quando acabei o 12º ano a minha primeira opção foi o curso de Pintura na faculdade de Belas-Artes em Lisboa, onde neste momento frequento o 4º e último ano.
Encontrar a sua identidade enquanto artista é um percurso necessário. Considera que no panorama cultural atual, com tantos artistas que procuram afirmar-se, é fácil fazer este percurso e ocupar o seu próprio espaço na arte?
Independentemente da identidade artística, no panorama cultural atual não é fácil essa afirmação. Com tantos artistas a querer ocupar o seu espaço na arte, são poucos os que têm o devido reconhecimento. Mas tudo é possível com talento e trabalho. A identidade pessoal surge de formas e maneiras diferentes de artista para artista, sendo isso o que nos identifica e nos move a pintar o que sentimos.
Quais as técnicas e materiais que mais gosta de utilizar nas suas obras?
Os materiais que mais gosto de utilizar são a tinta acrílica e o pastel de óleo. Gosto de fazer experiências com materiais novos e diferentes do que estou habituado.
Já realizou vários Murais – Os espaços comuns das cidades, são a sua galeria de arte preferida para expor ao público a sua arte e, são também a sua fonte de inspiração?
Os espaços comuns das cidades são sem dúvida uma grande inspiração para mim.
A arte urbana em Lisboa é uma mais valia para dar valor e distinção à cidade, proporcionando a sensação de um espaço em constante evolução, contemporâneo e moderno.
Porém, são os ateliers, museus e exposições que completam essa inspiração. Tudo o que fui e vou aprendendo com os murais e trabalhos de grande escala procuro transportar para as minhas telas em atelier. Essa ligação é o meu principal foco.
A arte de urbana pode tornar surpreendentes os espaços mais inesperados. Para si a arte urbana também pode ser interventiva transmitindo críticas sociais, políticas e económicas?
A arte urbana dá asas a uma série de qualidades relativamente aos enfoques cognitivos e à organização das cidades, ou seja, é a estrutura artística urbana que oferece novos padrões e influencia a interação com a população e o espaço público, bem como as suas tomadas de decisão no tocante a áreas como a política e a economia.
Estes elementos conjugam-se para formar uma estrutura visual urbana que ajuda a definir a estética de uma cidade. No entanto, essas áreas (política e economia) a meu ver não devem ser apenas e só, o foco principal de um mural, mas essa ligação é uma das muitas vertentes do movimento.
O facto de a arte urbana ser efémera, torna-a mais desafiante para os artistas?
A arte urbana é sem dúvida passageira e traz com isso os seus desafios. O desgaste natural é rápido e inevitável e exige uma constante reinvenção. Cada um destes espaços conta assim várias histórias por detrás de cada camada de tinta. Sendo, portanto, o maior desafio tornar os nossos trabalhos memoráveis.
Quem são as caras que dão vida ao Maria 16, espaço onde trabalha com outros artistas? Sente que desenvolve e solidifica qualidades num espaço com outros artistas moradores?
Tenho o enorme privilégio em poder ter um espaço para trabalhar como o Maria 16. O espaço dá lugar a mais cinco artistas, somos todos de disciplinas diferentes e gostamos de colaborar entre nós.
Desde a marcenaria, representada pela Apewood de João Bernardino, estúdio de fotografia e escultura por parte de Francisco gomes, pintores como Sofia Cruz e Paulo Albuquerque, e ainda a têxtil Hedo Atelier, este é um espaço onde tornamos possível as nossas ideias e onde podemos ser nós plenos. Sinto que grande parte da minha evolução artística foi graças a estas quatro paredes e à forte influência destes artistas.
Quais os seus planos para o futuro?
Os meus planos para o futuro passam por não parar de aprender, evoluir e pintar tudo aquilo que sinto. Vou investir ao máximo na minha pintura, e se possível expandir o meu conhecimento no estrangeiro.
Duarte Burnay, este espaço é seu, quer dizer algo que ficou por dizer ou simplesmente deixar alguma mensagem aos jovens futuros artistas ou ao público em geral?
Olhando para o meu percurso até então, o que gostava de salientar é a importância da constante experimentação a nível plástico. Todo o contacto com os diversos materiais e modos de encarar a pintura é importante e necessário.
A pintura é uma aventura incrível.
Instagram do artista Duarte Burnay: @duarte.burnay
Espaço Maria 16 @mariadezasseis
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