José Claudino Silva fala-nos sobre o papel do “Bosque dos Avós” na preservação das florestas, da natureza e do planeta.
“Agora poderíamos, se os Avós e Netos quisessem, fazer do mundo um gigantesco BOSQUE DOS AVÓS.”
Estamos na época de verão e todos sabemos que as condições atmosféricas com altas temperatura, pouca humidade e vento, constituem fatores que podem propiciar os incêndios florestais. Sendo certo que há responsabilidades de boa governação do território a nível dos decisores e políticos, também é certo que cabe a todos ter comportamentos responsáveis com o meio ambiente e em especial com a floresta. Ninguém ainda esqueceu os acontecimentos avassaladores em resultado de incêndios que aconteceram em Portugal nos últimos anos.
No entanto, há esperança quando conhecemos projetos inspiradores e motivadores que nos levam a acreditar que é possível fazer a diferença neste território onde habitamos. São projetos que nos motivam na preservação do ambiente e das florestas, bens essenciais à preservação da vida, incluindo a vida humana.
“O Bosque dos Avós” um projeto de relevo.
Falem-nos um pouco sobre a motivação que os levou a criar a Associação Bosque dos Avós?
O autor da ideia de criar um Bosque dos Avós foi de José Claudino da Silva.
A motivação foi ter nascido a sua primeira neta e ele queria dar-lhe algo fora do comum.
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Tendo pensado em várias coisas e decidiu plantar uma árvore na Serra do Marão com o nome da neta e sinalizada por GPS.
Não sendo legal o seu propósito, contactou outros avós que acederam ao seu pedido e de repente tinha algumas dezenas de árvores para plantar com o nome de vários netos. Nessa altura as entidades contactadas ICNF União de freguesias Aboadela Sanche e Várzea e Baldios de Aboadela aceitaram e cederam cerca de 1 Hectare de terreno onde plantamos cerca de 600 árvores. Posteriormente cederam-nos mais um espaço e neste momento temos mais de 1600 árvores referenciadas com o nome dos netos de mais de 400 avós que se inscreveram. Logicamente o objetivo agora é preservar as árvores e se possível expandir a plantação.
A quem se dirige o projeto? Apenas aos habitantes locais?
O projeto dirige-se a todo o mundo.
Temos já representados Avós do Brasil, Austrália, África do Sul, Estados Unidos. Canadá etc. Assim como de todo o país.
Em vossa opinião há uma responsabilidade da geração atual no estado em que vai deixar o planeta para a geração seguinte?
Nem duvidamos disso!
O pior é que, e já por experiência própria sabemos que são muito poucas as pessoas que verdadeiramente se preocupam com a natureza e menos com o planeta.
Quais os principais objetivos ao promoverem a interação entre avós e netos no projeto Bosque dos Avós”?
O objetivo é promover ações intergeracionais, no sentido de trazer para a proteção da natureza os nossos netos, sensibilizando-os para as alterações climáticas e a nossa modesta contribuição para as retardar.
Este projeto tem também uma forte componente educacional para os mais pequenos. Da vossa experiência, podem dizer se consideram que é com este tipo de práticas que melhor se educam as crianças e se sensibilizam os mais velhos?
Pensamos que sim, embora tenhamos a noção que devido à pouca dedicação da maioria dos pais, às melhores práticas educacionais pela sua falta de tempo, terá de haver a breve prazo uma mudança de paradigma para que tal desiderato seja conseguido
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Na vossa opinião qual a importância da preservação das florestas com espécies autóctones?
Não sendo as espécies autóctones rentáveis a curto prazo, escusado será dizer que é difícil ter quem as proteja e incentive a plantar.
Pensamos até, que a árvore mais protegida por quem as planta, é o eucalipto devido à sua rápida rentabilidade. Contudo no futuro se querem ter um planeta saudável, tem de optar por essas espécies autóctones que é o que nós estamos a fazer.
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Que espécies escolheram para plantar no Bosque dos Avós?
As espécies atualmente plantadas no Bosque dos Avós são as seguintes: Pinheiro Manso, Pinheiro Silvestre, Carvalho Português, Faia, Bétula, Medronheiro e Plátano Bastardo. Isto sob autorização do ICNF
Como foi a reação da população ao vosso projeto? Consideram ter atingido os objetivos a que se propuseram?
Pensamos que a população embora na sua maioria sem aderir inicialmente, está progressivamente a compreender e aceitar até por a sua terra estar pouco e pouco a ser mencionada em vários eventos. Quanto aos objetivos e para quem inicialmente apenas queria plantar uma árvore foram nitidamente alcançados.
Que outras ações têm previstas no âmbito dos cuidados com a Mãe Terra?
Proteger as árvores dos nossos netos e irmos o mais longe que as nossas forças permitirem na sua ampliação.
Agora poderíamos, se os Avós e Netos quisessem, fazer do mundo um gigantesco BOSQUE DOS AVÓS.
As árvores Catarina, David, Rodrigo. Dylan, Amélia. Pestinha. Ect…Ect…Etc… São um símbolo, mesmo depois dos Avós terem partido, porque contamos que depois de nós sejam eles a protege-las.
Querem deixar alguma mensagem ou apelo específica?
Que os nossos filhos tenham a mesma atitude, perante o Bosque, a floresta e consequentemente o planeta, que os seus pais tiveram ao criar ou ao aderir a tão fascinante e motivador projeto de prova de amor pelos seus netos que é o Bosque dos Avós.
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