À conversa com Manuela Correia Brito, artista plástica

Manuela Correia Brito, numa conversa informal, leva-nos num passeio por várias formas de arte incluindo a ilustração. É com a arte que Manuela Correia Brito preencher os sonhos.

 

“Desde criança que a arte e a pintura estiveram presentes através da sensibilidade inata já verificada noutros membros da família. Sempre tive contacto com o meio artístico assim como por toda a envolvência cultural que me foi proporcionada pelos pais e professores.”

Obra de Manuela Correia Brito - O pastor
Obra de Manuela Correia Brito

 

Qual a vertente artística que melhor permite transmitir o que lhe vai na alma?

De facto, durante o meu percurso artístico tive oportunidade de exprimir-me sobretudo através do desenho e da pintura. Sendo a pintura a que sempre me fascinou mais, talvez pela possibilidade de explorar as texturas, a cor e aplicação de outros elementos visuais com mais entusiasmo…

 

Sabemos que tem vários trabalhos de ilustração. Desenho e ilustração são a mesma coisa? O que os distingue?

Existem diferenças. Embora os dois conceitos andarem muitas vezes “de mãos dadas”, o desenho é algo mais espontâneo, qualquer coisa pode ser representada, mas nem tudo pode ser ilustrado. Ou seja, uma ilustração tem um objetivo por trás da sua definição, implica querer representar algo através de uma imagem muito concreta do que se pretende descrever, através de uma observação, seja observação direta de uma imagem ou transpor palavras para a forma de imagem.

 

Em torno do trabalho/arte da ilustração, Manuela Correia Brito fala-nos um pouco da sua experiência.

Como se processa o trabalho de um ilustrador? Quais as preocupações que sente quando está a ilustrar um livro? Como ser autêntica e não repetir outros trabalhos anteriormente realizados?

Creio que o trabalho que fiz no âmbito da ilustração não me permite a designação de ilustradora. Os trabalhos de ilustração que fiz surgiram no seguimento do convite de alguns escritores e poetas que, conhecendo já o meu trabalho como artista plástica, solicitaram a minha colaboração e que coincidiu com uma época em que o meu trabalho de grande porte (telas e trabalhos 3D) estava numa fase mais calma ou quase parada. De facto, este convite surgiu em boa altura por ser um “trabalho de prancheta” onde me senti confortável na sua realização.
Ilustrar um livro exige estar a par do conteúdo, do tema da obra, ter conhecimentos históricos e científicos de modo a conseguir enquadrar cenários e personagens, recriar o mais fielmente possível os ambientes, as personagens, se for caso disso; ou então, se me for permitida liberdade, poder interpretar a obra e expressá-la de modo a não deturpar a mensagem da mesma.
Por vezes torna-se difícil! No entanto, tento não usar trabalhos anteriores como inspiração, porque é-se facilmente influenciada e cai-se na tentação de ir buscar ou procurar elementos comuns entre as obras.

 

Cada livro tem uma “musicalidade” própria que tem de captar. Criar a história em imagens de uma história escrita será desafiante. Como dar o seu cunho pessoal e criar uma narrativa visual sem repetir a palavra escrita de uma história que não é sua?

Ilustrar uma narrativa é já a expressão da interpretação que se faz da obra lida. Daí ser desafiante a criação das imagens porque se torna um trabalho subjetivo e, por isso, muito pessoal.

Quando leio uma história assimilo-a e interpreto-a com base nas minhas experiências e vivências e a ilustração reflete esse trabalho interior que, ao passar para a imagem, tento que seja um complemento da narrativa.

 

Quando um autor ou editor a convida para ilustrar um livro apresenta diferentes ideias para que eles possam escolher, dando-lhes um pouco de controle sobre a arte do livro?

Por norma, os autores que me convidam já conhecem o meu trabalho e o estilo de traços que uso. Por isso mesmo, dão-me liberdade para optar pelo meu estilo. Confiam no meu trabalho.
Como já referi, a ilustração resulta da interpretação que faço da obra e reflete inevitavelmente a influência as minhas vivências e experiências, mas também as minhas emoções e sentimentos. Até ao momento, nunca me senti sufocada pelos condicionalismos que uma obra ou o seu autor possam colocar. Sempre senti liberdade para traduzir à minha maneira e de criar narrativas visuais sem entrar em conflito com ninguém.
Trabalhos de Ilustração - Manuela Correia Brito
Trabalhos de ilustração – Manuela Correia Brito

É na ilustração de livros de poesia que Manuela Correia Brito mais sente a liberdade de criar

Gosto de ilustrar livros de poesia porque dá mais liberdade para “viajar” através do nosso imaginário, é onde a subjetividade atua totalmente e transmite o que nos vai na alma…

 

As ilustrações transportam-nos ao mundo imaginário das cores, das composições, das histórias, da magia… Compreender e descobrir o valor estético da linguagem imagem no livro é tão importante quanto a aventura da palavra escrita?

Considero que sim; criar, imaginar e redescobrir é sem dúvida sempre um desafio constante, assim como para quem escreve.
Uma determinada imagem ajuda a sensibilizar o olhar da criança. “Ver vem antes da palavra. Mesmo antes de saber falar a criança olha e reconhece”, citação de John Berger. Quer comentar a importância de olhar a ilustração na perspetiva de uma criança?

Através da garatuja, do traço e da imagem, a criança consegue entender, perceber e até sugerir aquilo que perceciona, permitindo-nos o “caminho” para o sonho e o “poder” do imaginário.

 

Atravessando a vertente da cerâmica, escultura, ilustração, desenho e pintura onde encontra inspiração para concretização de obras de concretização tão diversificada?

Em tudo o que me rodeia, sobretudo no meio envolvente e nas situações vividas. Não considero que exista algo muito específico, mas na maioria das vezes o que represento numa tela está relacionado com o meu sentimento/espírito interior no momento em que pintei e representei algo!

Qual ou quais os seus sonhos e vontades futuras enquanto artista?

Acima de tudo quero continuar a exprimir o que sinto através do desenho, da pintura ou de outra forma expressiva para que essencialmente possa preencher os sonhos que, por variadíssimas razões, fui adiando.

 

Obra da artista Manuela Correia Brito
Obra da artista Manuela Correia Brito

 

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