À conversa com Margarida Porto – da poesia ao livro infantil

Margarida Porto

Margarida Porto, uma jovem mulher ativa que coloca em ação todas as suas apetências naturais para se dedicar com paixão ao mundo da escrita e das artes.

 

Nunca fui pessoa de fazer uma só coisa, o que fez com que sempre me interessasse por explorar outras artes.”

 

Nesta entrevista, Margarida Porto fala-nos de si, do seu percurso de vida e da sua escrita.

Quem é Margarida Porto?

Bom, posso começar por dizer que sou uma miúda de 27 anos, nascida em Lisboa e apaixonada pelo Porto há mais de 3 anos. Quando me perguntam quem sou, digo sempre que sou muita coisa e que, volta e meia, me baralho com uma crise existencial.
Mas começando por coisas mais práticas, posso dizer que sou licenciada em Direção e Gestão Hoteleira e que, graças às voltas da vida, hoje trabalho como copywriter numa agência de publicidade. A verdade é que gosto de fazer muita coisa, o que me leva a querer sempre aprender de tudo um pouco. Como, por exemplo, a dança, que já me acompanha há 8 anos em estilos bastante diferentes entre si (desde a dança contemporânea ao dancehall, do hiphop e house à kizomba e bachata) e que tem feito parte de um enorme processo de desenvolvimento pessoal. Desenvolvimento esse que acabou também por se refletir na minha escrita.

 

Como surge a paixão pela escrita?

A minha relação com a escrita e a poesia começou desde nova, embora em alturas bastante diferentes.

 

Aos 5 anos, esforcei-me para aprender a ler e a escrever o mais rapidamente possível para poder pôr em palavras as histórias que tinha na cabeça. Foi assim que fui desenrascando algumas prendas de Natal, sem precisar de gastar dinheiro.

 Já a poesia acabou por entrar na minha vida mais tarde, na conturbada fase da adolescência. Ainda me lembro de escrever o meu primeiro poema, na varanda da casa da minha avó, numa noite de lua cheia. Era uma pequena ode à lua.
Desde então, fui marcando as várias fases da minha escrita (poesia, prosa, histórias, crónicas) em diversos blogues que fui tendo até 2016.

 

Margarida Porto, qual é a sua fonte de inspiração para a escrita?

A inspiração? Aquilo que vivo, por fora e por dentro.

Do tema mais badalado, que é o amor, às coisas mais subtis da vida, acabo por trazer sempre um pouco daquilo que sinto e com que me vou conectando para aquilo que escrevo. Numa altura em que estava mais interessada em astrologia, eram recorrentes as metáforas com os astros. Noutra altura, em que estava mais ligada ao mar, falava muito das ondas e dos búzios. Sempre foi muito intuitivo.
Agora, digo que a idade me trouxe mais sabedoria e mais dúvidas. E a minha evolução enquanto pessoa acabou por me fazer explorar a minha escrita de outra forma.
Quando me mudei para o Porto, fechei o meu último blog (nunca mais tive um, desde então) e dediquei-me um pouco a desfrutar as mudanças que a minha vida estava a ter. Entrei também num processo de desenvolvimento pessoal e espiritual muito importante para mim e que acabou por ser determinante no amadurecimento da minha escrita. E também comecei a sentir necessidade de materializar aquilo que estava só no papel. Papel digital, digo.
E aqui a minha escrita dividiu-se em duas partes: poesia e livro infantil. Ambos com histórias e perspetivas bastante diferentes, mas que acabaram por andar lado a lado, ao longo do tempo.
 

  

Lançou uma coletânea de poemas no ebook “Eras Tu”. Fale-nos um pouco sobre a motivação e o tema abordado.

 O “Eras Tu” foi, essencialmente, uma necessidade de fechar um ciclo da minha vida. Um ciclo que me virou do avesso e despoletou o processo de ganhar consciência sobre aquilo que precisava de curar em mim. Resumindo, foi um amor não correspondido.
Os poemas que se encontram neste ebook são poemas que fui escrevendo ao longo de 5 anos, no último blog que tive. Na verdade, nem queria voltar a eles, mas senti que precisava de os lançar para o mundo, para ter uma certa closure sobre esse assunto. Já não me identificava com a energia deles ou as memórias que representavam, contudo guardá-los na gaveta era como ter uma pedra no sapato. Não me impedia de andar, mas aleijava sempre um pouco.
Mas não os rejeito, de todo. Olho para eles como quem olha para um quadro: contam uma história. Apenas já não sinto essa história como sendo minha. E está tudo bem.
E quando falo em história, falo na história que esses poemas contam. Não são apenas poemas despejados e compilados num livro. Entre si eles contam uma história, de forma subtil. E essa história tem diferentes fases, como a lua. Por isso é que no canto superior direito existe sempre uma lua a acompanhar todos os poemas.

 

O amor, como a lua, tem várias fases, o encanto, a paixão, o amor e, por vezes, o fim. Em todas elas, sabemos sempre ser poesia.

Para ilustrar essa história, contei com o talento de uma amiga minha: Mónica Soares. A meu pedido, ilustrou cada poema com pormenores dos versos, brincando com linhas.

 

 

É o seu lado de contadora de histórias que a leva a publicar um livro infantil?

Na literatura infantil, fui desafiada a explorar esse meu pelo meu primeiro diretor criativo, que tinha uma fé absurda em mim. Desafiou-me a participar no concurso do Pingo Doce e, sem querer, despoletou a concretização de um sonho meu.
Nunca tinha escrito um livro para crianças e, quando me propus a fazê-lo, percebi que não sabia como se escreviam livros para crianças. Isto levou a que entrasse numa fase de pesquisa intensa, onde reli as histórias que mais gostava em criança e revi alguns filmes da Disney. Percebi a “receita” para escrever um bom livro para crianças. Experimentei-a e acabei por torná-la uma homenagem à minha bisavó.
Apesar de tudo, não ganhei o concurso do Pingo Doce e, por momentos, desmotivei. Mas o ano de 2019 pedia-me que eu me começasse a mostrar ao mundo.

 

Depois de não ter ganho o concurso, fiz um crowdfunding para tirar o livro da gaveta e fazer dele o meu primeiro livro (físico) publicado, como edição de autor. E esta foi uma das viagens mais bonitas e estupidamente desafiantes que fiz em 2019.

 

Margarida Porto e Carolina Maria (ilustradora livro infantil)
Margarida Porto e Carolina Maria, ilustradora livro infantil: “Para Onde Vão As Meias Que Desaparecem” – Fotografia de Andreia Carvalho

 

Quem não gostava de saber para onde vão as meias que desaparecem?

Citando o “Para Onde Vão As Meias Que Desaparecem?”:

“As meias que desaparecem vão para um lugar mágico, que só os sonhadores mais audazes são capazes de descobrir. Para chegarem até lá, terão de fechar os olhos e ouvir o coração. Ele sabe sempre onde estão as coisas que desaparecem.”

É um livro para crianças (dos 8 aos 11 anos) que não é só para crianças. Acredito – e já tenho tido esse feedback – que há muitas mensagens no livro que os adultos também precisam de ouvir. Ou relembrar.
Hoje, tenho ambos os livros à venda no meu site  e estou a trabalhar para chegar às principais livrarias do país.

 

Site de Margarida Porto: www.margaridaporto.com/shop

Página de Facebook Margarira Porto

Instagram Margarida Porto

Instagram do livro “Para onde vão as meias que desaparecem

 

Livro infantil de Margarida Porto
Desafio: Num trabalho em equipa com os seus filhos, descubra “Para Onde Vão as Meias que Desaparecem”

 

Créditos à fotógrafa: Andreia Carvalho

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