Nogueira de Barros é um artista plástico reconhecido internacionalmente. Nos seus trabalhos a cor ganha protagonismo, numa dinâmica e expressividade espantosas! Nesta breve conversa com Nogueira de Barros, conhecemos melhor a pessoa e o artista que aqui, nos brinda com um conjunto de imagens de obras com as cores e formas opulentas da natureza em flor. Observamos as suas obras e sentimos a sublime sensibilidade da sua visão da natureza, o seu centro de inspiração, mostrando-no-la como sendo poesia e música.
Inspire-se nas palavras do artista Nogueira de Barros e seja cor, poesia e música na vida de tudo e todos os que o rodeiam.
“Eu sou cor, a natureza é cor, e eu não consigo conceber uma obra sem cor, a minha forma de ver a arte, é uma forma muito peculiar, tento colorir a minha vida, pois a vida já é bem cinzenta. Eu junto várias técnicas realizar os meus trabalhos. Além de cor, gosto de textura e de dar a sensação de movimento a todas os meus trabalhos, a cor dá musicalidade, é como a poesia, as palavras têm cor, música e as minhas obras também.”
Fale-nos um pouco de si, do seu percurso e de como surgiu o gosto e a vontade de se dedicar às artes plásticas?
Desde que me conheço que tenho a necessidade de rabiscar, aos 15 anos entrei numa coletiva na minha escola secundária e fazia banda desenhada. Entretanto a vida levou-me por outros caminhos e só mais tarde voltei a dedicar-me às artes plásticas.
Comecei a experimentar os óleos, os acrílicos, as aguarelas e quando olhei para trás do ombro tinha uma boa coleção de obras. Enviei um portfólio para a Câmara Municipal do Seixal. E assim começou a minha vida artística. A exposição na CM Seixal foi um sucesso, e nunca mais parei. Desde 1998 que faço exposições individuais e coletiva em Portugal e no estrangeiro.
Nas suas obras podemos observar fascinantes jogos de cores e de tons fortes, com diferentes texturas. Que técnicas e correntes de arte com as quias mais se identifica?
Eu sou cor, a natureza é cor, e eu não consigo conceber uma obra sem cor, a minha forma de ver a arte, é uma forma muito peculiar, tento colorir a minha vida, pois a vida já é bem cinzenta. Eu junto várias técnicas realizar os meus trabalhos. Além de cor, gosto de textura e de dar a sensação de movimento a todas os meus trabalhos, a cor dá musicalidade, é como a poesia, as palavras têm cor, música e as minhas obras também.
Desde os anos 50 que os Ismos (expressionismo, cubismo, impressionismo… etc.) desapareceram, não me identifico com nenhuma corrente artística e espero que a minha pintura nunca seja rotulada com um ismo, espero que quem a veja a reconheça como um Nogueira de Barros, simplesmente isso.
Tem algum artista que particularmente admira?
Anselm Kiefer, Anselm é um artista alemão que trabalha em grande formato e com matéria orgânica, e os trabalhos dele estão sempre vivos… googlem fiquem fascinados com a sua obram.
Ao utilizar diferentes materiais, cria um mundo variado e criativo que apreciamos nas suas obras. Que materiais usa habitualmente e quais os que mais gosta de utilizar?
Neste momento utilizo muitas matérias para conseguir atingir o resultado pretendido. Uso tintas acrílicas, óleos, e tintas resinosas criadas por mim para pintar o motivo terminando com resinas. Na prática uso cimentos, tintas acrílicas, óleos, resinas, vernizes, papel, tela, madeira, cera de abelha, etc. misturo várias técnicas e dependendo do objetivo final, vou adaptando tudo o que sei para conseguir atingir o fim.
Como atrás referi faço uma conjugação de matérias-primas e de médiuns para a pintura de uma obra. Neste momento exploro as resinas epóxis e tintas inventadas por mim, à base do acrílico sobre madeira.
Fale-nos um pouco sobre a sua inspiração, o que o leva a compor e a criar uma obra de arte?
A minha pintura sempre foi abstrata e a natureza está no centro da minha inspiração. Adoro a natureza e se observarmos com atenção, a própria natureza tem muito de abstrato, basta olhar.
Tenho uma grande necessidade de criar, pinto para mim, quando tenho uma ideia, não descanso enquanto não a consigo realizar, sinto uma fome enorme, uma vontade de pintar e o alimento é plasticidade, é resolver a equação e quando a consigo resolver dá-se a catarse emocional.
Como é o seu processo criativo? Primeiro observa, pensa a obra e depois escolhe a técnica, materiais, etc., que mais se adequa à sua visão do que pretende representar?
A realização de um quadro começa sempre por um passeio pela natureza, fotografo alguns ramos, flores, faço uma busca pela internet e depois parto para o papel, realizando alguns esboços.
Resumindo, antes de começar o meu processo criativo, faço alguns passeios pelo mato e pela praia e ouço muita música, a música faz parte da minha essência e sempre que pinto tenho as minhas músicas preferidas no “REPEAT”.
Após ter a ideia do que quero realizar, depois de muitos esboços, pego no suporte mais indicado (tela ou madeira) escolho uma palete limitada de cores e com essa palete começo a pintar. Uso os pinceis, espátula e as mãos.
Ao compor uma obra pretende dar a conhecer a sua visão particular de tudo o que nos rodeia ou pretende também, que as suas obras transmitam uma mensagem inquietante sobre os problemas da sociedade atual e do mundo em que vivemos?
A minha pintura é despretensiosa, simplesmente procuro o BELO, não sinto necessidade de inquietar quem vê a minha pintura, tento transmitir através da textura e da cor emoções boas. Sinto-me realizado quando as pessoas saem felizes duma exposição minha. Quando dão por bem empregue o tempo gasto na observação das minhas obras.
Durante a sua carreira como artista, realizou várias exposições individuais e coletivas. Qual foi a mais importante ou a que constituiu um marco impulsionador na sua carreira como artista?
Já realizei mais de 100 exposições, e tive algumas bem marcantes. A de N.Y. por ter sido na capital do mundo, a do Museu da Água, em Lisboa, por ter sido uma exposição cheia de magia, uma sala magnifica, e onde na inauguração vendi praticamente a coleção toda. E a minha ultima exposição na Galeria Arte Graça, Lisboa, onde após pandemia consegui mostrar uma coleção de obras que foram admiradas por mais de 500 pessoas, tive a RTP e o presidente da CM Lisboa. Mas o que mais me marcou foi um admirador anónimo que se emocionou e chorou ao contemplar os meus trabalhos.
Com que galerias ou outros artistas trabalha? Há alguma exposição para breve, em que vá participar?
Trabalho com a Galeria MAC, Lisboa, Tumboa Gallery, Porto e 66 Contemporary Gallery, Lagos.
Neste momento tenho:
- Duas exposições a decorrer, uma individual em Lagos e outra coletiva em Lisboa.
- O ano 2022 fechado. Vou expor em Aljustrel no espaço Oficinas de Formação e Animação Cultural , Porto na galeria Tumboa , Lisboa no Centro Ismaili e finalmente Braga.
No seu ponto de vista, para além do talento inato, considera que a capacidade humana de nos mantermos curiosos sobre tudo o que nos rodeia é fundamental para que um artista e a sua obra sejam reconhecidos? O que mais considera importante?
O talento inato é importante, mas só isso não chega, o mais importante é a comunicação, a divulgação da obra, é obrigatório estarmos nas redes sociais, termos uma página na internet e aparecermos.
A curiosidade faz o artista, um artista tem de ser curioso na sua experimentação, não pode ficar estagnado a pintar sempre os mesmos motivos e a usar sempre a mesma técnica, tem de se interrogar a si e ao que o rodeia. O reconhecimento da obra só o tempo o dirá.
Considera que a cultura e em especial a arte plástica, tem um papel fundamental na criação de uma sociedade mais consciente e aberta?
Acredito piamente que a arte é fundamental para uma sociedade mais justa e consciente. O artista é um marcador do tempo, os artistas estão normalmente um pouco à frente da sua sociedade. A Arte é a única coisa que fica, que perdura, o Homem só é Homem pela Obra de Arte que deixa. É pela arte que conhecemos o passado. A Arte é eterna o resto é efémero
Num mundo cada vez mais tecnológico, como vê a influencia da tecnologia na criação de arte e na sua divulgação ao público?
Desde que a Arte Abstrata vincou, toda a forma de arte é válida.
Que outros interesses ou ocupações para além do trabalho artístico tem?
Sou um melómano, adoro ouvir música e quando não estou a pintar estou a ouvir música, também gosto de ver séries, mas sempre que posso saio e passeio. Faço longos passeios com o meu cão, o meu fila de São Miguel.
Antes da pandemia passeava por Lisboa e visitava muitas exposições, mas, ainda não consegui retomar essas rotinas.
Que mensagem quer deixar a todos os que se querem iniciar ou projetar no mundo da arte?
O mundo da arte é um mundo um pouco fechado e muito competitivo. Aconselho a quem quer seguir a vida de artista plástico que seja autêntico, que não siga as tendências e que apresente trabalho original e único, diferente do que se faz. Não tenha medo do NÃO, palavra mais ouvida quando queremos mostrar o nosso trabalho, mas com persistência e qualidade o Não torna-se um talvez e finalmente fica-se pelo SIM.
Boa sorte e muita inspiração.
Quero agradecer à equipa do Blog Hucilluc,
A equipa do Blog Hucilluc-Aqui e Ali, Liga-nos ao que nos rodeia, está grata a Nogueira de Barros artista plástico, pela disponibilidade de partilha desta entrevista que nos levou a conhecer um pouco da sua maravilhosa arte. Sem dúvida, um grande artista e um Homem (com letra grande) que diz:
Sinto-me realizado quando as pessoas saem felizes duma exposição minha. Quando dão por bem empregue o tempo gasto na observação das minhas obras.
Contactos do artista Nogueira de Barros:
Um comentário em “À Conversa com Nogueira de Barros, artista plástico”