Oliveira Kabassu de nome artístico “OK” – maravilha-nos a oportunidade de partilhar mais uma entrevista de um artista e pessoa excecional e que nos faz acreditar que juntos podemos construir um mundo melhor. O jovem Oliveira Kabassu, desenvolveu um projeto inspirador “Save One Soul” usando a arte na vontade de dar o seu contributo para mudar o estado das “coisas”. Este projeto consistiu numa exposição individual realizada em Luanda, com o objetivo de mostrar a influência das escolhas das pessoas na mudança para uma sociedade mais solidária. Foi este projeto que impulsionou a carreira do jovem artista projetando-o para o mundo.
Vamos conhecer o homem, o artista e a sua obra – Oliveira Kabassu.
“ … eu já fui menino de rua e já roubei por necessidade. Por ter passado nessa realidade e ter o paladar do quão é difícil essa realidade, procuro dar o meu contributo através daquilo em que sou ricamente abençoado (artes), por isso ainda trabalho apoiando várias instituições de ajuda humanitária…”
Oliveira Kabassu, fale-nos um pouco de si e do seu ainda jovem percurso de vida?
Sou artista plástico profissional, sou profundamente religioso, amo muito a palavra de Deus. Gosto de ler e escrever, a pintura é a minha grande paixão, gosto de artes marciais e pratico quatro modalidades, Box, Judó, Karaté e Jujitsú. Gosto muito de correr, de comer cogumelos com funge e peixe Cacusso grelhado, um dos meus pratos preferidos. Gosto de estar no meu canto sozinho, porque vejo que assim me inspiro mais. Amo tanto a minha família, mas não tenho filho nenhum. Amo guitarra e toco um pouco, a minha música ou estilo musical preferido é Rock, e a minha cor preferida é azul celeste, às vezes gosto de passar tempo em companhia do “aurisctador” auricular, gosto de cantar embora não tendo uma boa voz, gosto de aprender línguas diferentes e etc…
Quando sentiu o apelo de se expressar através do desenho e quando decide enveredar pelo caminho da arte?
Senti apelo de me expressar através do desenho desde o momento que vi algumas criações da minha mãe, isto quando tinha 4 anos de idade. A grande paixão surgiu quando, a oportunidade tornar tudo possível, bateu à minha porta.
Enveredar pelo caminho da arte, aconteceu quando vi pela primeira vez uma moça muito linda, de nome Leila Afonso. Como Leila Afonso tem muita consideração e admiração pela arte e pelos artistas, pensei impressiona-la com uma pintura. Foi a minha entrada no mundo da arte e, até hoje, nunca pensei em sair.
Oliveira Kabassu, quais são as suas principais preocupações enquanto cidadão num mundo em constante mudança, mas onde se verificam tantas desigualdades sociais?
Foram as dificuldades por que passei que me levaram e ainda levam, a contribuir na construção de uma sociedade mais solidária e equilibrada, pois eu já fui menino de rua e já roubei por necessidade. Por ter passado nessa realidade e ter o paladar do quão é difícil essa realidade, procuro dar o meu contributo através daquilo em que sou ricamente abençoado (artes), por isso ainda trabalho apoiando várias instituições de ajuda humanitária…
Numa sociedade em constante mudança, enquanto cidadão, a minha maior preocupação é ver que se perdem alguns valores quer religiosos, quer cívicos ou sociais, porque são os valores que estão sempre em constante decadência, ainda mais sendo esses os que ajudam a equilibrar o mundo, por isso envolvo-me causas ligadas a esses valores.
Fez alguma formação específica ou é apenas o seu talento que o leva a criar o seu próprio estilo?
Eu sou formado em eletricidade e eletromecânica, tenho outras formações profissionais, mas nenhuma delas está ligada às artes plásticas. Na arte sou um autodidata, é só um dom, um «talento»…
Qual ou quais os seus artistas, da atualidade ou do passado, preferidos e de que forma o influenciam?
Atualmente, não tenho um artista servindo de fonte de influência para mim, mas no convívio com muitos, tenho aproveitado muitas experiências no que toca ao estado comportamental artístico. Já do passado tenho como referência e como uma fonte de inspiração: Leonardo da Vince, Miguel Angelo, Van Gog, o Michael Basquiat entre outros. Para mim estes artistas são uma grande fonte de influência e em especial Leonardo da Vince…
O que o inspira na criação das suas obras?
A solidão é o que mais me inspira, mas também as dificuldades com que nos deparamos a cada dia e me servem de ferramentas para inspiração nas minhas criações …
Oliveira Kabassu, fale-nos um pouco da sua atividade enquanto artista e terapeuta na recuperação de pessoas com deficiências mentais
Eu não gosto de ver ninguém ser diminuído, ou menosprezado por uma deficiência. É por isso que, desde o momento que ganho contacto com pessoas que sofrem esse tipo de violência, me disponibilizo para ajudar. Fiz formação em psicologia e em pedagogia para dar aulas a crianças com deficiência mental e, sobre esta experiência, conto um episódio:
Uma vez, um dos alunos abriu a minha mochila, pegou todas as minhas tintas e começou a pintar. Este menino era um dos mais desordeiros da sala, mas naquele momento vi-o tão concentrado a pintar, que não o repreendi e chamei o meu diretor para ver. Todos nós estávamos tão admirados que, mais tarde a escola, tomou a decisão de me desafiar para envolver a arte nas disciplinas que lecionava, usando a arte como uma terapia comportamental. Assim começa a minha jornada como professor terapeuta de crianças com deficiência mental. Com a ajuda do meu ex-diretor e pesquisas realizadas por mim para desenvolver este trabalho, acabei por ver bons resultados nas crianças e ter o reconhecimento recebendo vários méritos como professor e terapeuta para crianças autistas.
Qual e quando foi a sua primeira participação numa exposição pública de arte? E a sua primeira exposição individual?
A minha participação numa exposição pública de artes foi em 2016. Recebi muitas críticas, mas também elogios que me levaram a investigar mais e a aperfeiçoar a minha arte.
A minha primeira exposição individual foi em 14 de dezembro de 2018, com o tema: “Destino e natureza”. Apresentei criações de diferentes “naturezas”, consequentes dos destinos que o ser humano traça e, certas “naturezas”, resultantes do meu próprio destino. O destino traçado por mim, resultado das escolhas que fiz e que gerou “naturezas” que, eventualmente, se podem repetir para outras pessoas.
Que impacto tem em si a opinião dos críticos da sua arte?
Até agora, tenho tido a aceitação dos críticos no que toca às minhas pinturas. Na verdade, percebo existir um bom impacto entre as minhas pinturas e os críticos de artes. As minhas obras já passaram por vários críticos de vários países dos quatro continentes, mas só recebi da parte deles, grandes e consideráveis elogios e isso gera em mim uma grande alegria e a vontade de aprender e trabalhar mais, inovando…
O seu sonho de internacionalizar a sua carreira aconteceu num passado muito próximo, com a exposição das suas obras em Miami, nos Estados Unidos. Como surge esta oportunidade e como foi o acolhimento do público?
A concretização do sonho de internacionalização da minha arte acontece muito rápido. Para alguns pareceu algo fabricado à base de influências e para outros uma consequência natural em resultado do meu trabalho. A oportunidade de internacionalização, surge quando publiquei algumas imagens das minhas obras nas redes sociais. Atingi um vasto público e recebi mensagens de quatro Galerias no Canadá, mas por falta de meios não consegui aceitar os convites para expor. Recebi ainda, dois convites para duas Galerias francesas, duas Galerias em Marrocos, uma Galeria do Congo, três Galerias em Algeria, mas em nenhuma delas pude participar, por falta de meios.
Depois da minha segunda exposição individual que aconteceu no ano passado (2019), no mês de setembro, recebo mais três convites, dois para Portugal e um para os Estados Unidos, e pela graça de Deus, consegui participar. Agora tenho convites para expor este ano (2020), em Inglaterra, Bélgica, França, Dubai, América e Alemanha.
Brevemente, irei fazer a minha exposição individual em Portugal.
Agora sinto um reconhecimento público do meu trabalho e um acolhimento do meu sucesso. Há uma aceitação, mas tive de provar que o meu sucesso vem do trabalho e do dom que tenho.
Que sonhos/projetos tem para realizar num futuro breve?
Num futuro muito breve tenho como sonho a realizar, despertar a sociedade no que toca o poder da liberdade, ajudar para uma consciência livre do prejuízo, não vou aprofundar muito isso porque, quero surpreender…
Oliveira Kabassu, que mensagem quer deixar a todos os nossos leitores para que façam escolhas conscientes e em prol de um bem-estar coletivo?
A breve mensagem que tenho para deixar:
Pelo facto de nós sermos divinas criaturas de Deus, vamos conservar a divindade que há sobre nós, pensando positivo, para criações positivas, pois as criações positivas hão de germinar sementes positivas e estas, por sua vez, hão de trazer para nós e para os outros, saúde em abundância. Não procures agradar a todos, pois a tua felicidade consiste em agradar a ti em primeiro lugar, procura estar sempre de bem contigo mesmo, só assim essa apetência poderá conquistar algumas pessoas e não “as outras”. Cada dificuldade na nossa vida, tem um propósito e saibam que o tamanho da dificuldade que enfrentam, determina a força e o tamanho da vitória. Acredita e vai sempre em frente que tudo é possível para quem acredita!
Aprecie Aqui uma galeria de imagens – Obras de Oliveira Kabassu
Um comentário em “À conversa com Oliveira Kabassu, artista plástico”