À conversa com Rita Mira descobrimos a sua paixão pela leitura e pela escrita, passando pela ilustração. Rita Mira é uma criativa sonhadora que se inspira em tudo o que a rodeia. Organizada e perfecionista, pretende fazer a diferença com a sua criatividade e forma de ver o mundo. O seu grande objetivo é o de fomentar a leitura e a escrita e em especial nos mais jovens. O gosto pela leitura e pela escrita começou muito cedo no entanto, viveu um período menos motivado. Foi a descoberta do livro “O paraíso segundo Lars D.” do escritor João Tordo, que lhe reavivou esta paixão. Nas suas palavras
“O que me fascina nos livros é a capacidade que estes têm de nos fazer sonhar, de nos transportar para mundos e realidades que não conhecemos.
Vivemos a vida das personagens, sofremos e vibramos com elas, como se fossemos nós próprios. E é isso que adoro sentir quando escrevo.”
Rita Mira tem já um livro infantil publicado “O duende que caiu da lua“, dois livros de ficção escritos (ainda não editados) e duas músicas lançadas : STRONG interpretada por Catarina Clau e QUEM NUNCA interpretada por Candy June.
À conversa com Rita Mira – inspire-se nesta entrevista para boas leituras e, quem sabe, para o despertar da escrita.
Fale-nos um pouco de si, do seu percurso de vida
Tenho 45 anos, 2 filhas e um gato chamado Luke. A minha formação é em Gestão de Empresas, com especialização em Marketing.
A minha vida profissional girou sempre em redor de marcas, publicidade, estratégias. O facto de trabalhar nesta área permitiu-me ter acesso constante a criatividade, pois necessitava relacionar-me com criativos para o desenvolvimento dos projectos profissionais, bem como fazer imensas pesquisas e procurar benchmarks de campanhas diferentes e inovadoras. Ao consumir este tipo de conteúdo o meu gosto pela área criativa foi crescendo, fazendo com que a tentasse aplicar em todos os meus projectos profissionais ou pessoais.
De que forma desperta a paixão que vai da leitura à escrita passando pela ilustração?
A leitura e a escrita começou muito cedo, por altura na escola primária. O meu pai sempre me incentivou a ler e a escrever (era uma referência porque o via fazer o mesmo) e, por isso, aproveitava os momentos em que esperava pelos meus pais na sala de estudo para ler e escrever histórias. Lia livros da colecção “Uma aventura”, as aventuras da “Patrícia”, as famosas “Gémeas” e “O colégio das 4 torres”. Fui uma leitora muito assídua até aos meus 30 anos, altura em que perdi um pouco o interesse e passei a ler muito menos. Confesso que, até hoje, ainda não percebi a razão para tal ter acontecido.
A ilustração é outra das minhas grandes paixões e tenho imensos livros infantis que compro para mim. Adoro “perder” horas a ver as imagens, os traços, as cores. Acho que, numa outra vida, vou querer ser ilustradora. Nesta, apenas faço uns rabiscos para me entreter.
A influência do escritor João Tordo
Recuperei o meu gosto pela leitura e escrita pela mão do João Tordo – o meu escritor favorito – quando numa visita a uma livraria os meus olhos encontraram a capa do livro “O paraíso segundo Lars D.” e nem hesitei em trazê-lo comigo para casa. Após uma leitura intensa deste livro, acabei por comprar os restantes livros do João Tordo e decidi também aperfeiçoar a minha escrita fazendo vários cursos, um deles em que o João Tordo era o “professor”.
O que a motiva como escritora?
Fale-nos sobre o tema e a motivação do seu livro já publicado.
O que sente ao escrever? Considera que a escrita é um processo doloroso e desgastante ou, é antes, um processo que flui facilmente?
Acho que ainda tenho muito que aprender sobre o processo de escrita. Sinto que ainda sou pouco esquematizada. Há autores que antes de iniciar a escrita de um manuscrito alinhavam o enredo, compõem a estrutura e os capítulos, sabem exactamente onde o livro vai terminar. No meu caso – e de outros tantos escritores – prefiro ter uma ideia do tema que quero abordar, da mensagem que quero passar e tudo se desenvolve a partir daqui. Ou seja, é um processo de deixar fluir e ver onde o enredo me leva.
Acho, no entanto, que pode ser um processo mais stressante porque acabamos por não ter as coisas tão “controladas”, o que torna as horas de escrita em momentos de desgaste.
Também é ilustradora? Que tipo de ilustrações faz?
Tem algum autor preferido que sinta que a tenha influenciado? Quais são os seus autores preferidos?
Que livro mais gostou de ler?
Sabemos que tem a vontade de motivar a paixão pela leitura aos mais jovens. Como pretende pôr em prática este seu objetivo?
Que projetos pretende desenvolver no curto prazo? E no futuro, qual é o seu sonho?
A curto prazo, tenho vários projectos que gostava de desenvolver: criar workshops criativos com crianças para promover este gosto pela leitura e escrita, ter o meu podcast mensalmente, ter um curso on-line para fomentar este meu objectivo.
Na sua opinião, que apoios/incentivos faltam, para fomentar o gosto pela leitura aos mais jovens e aos adultos.
Sinto que a leitura é um tema pouco acarinhado e com poucos incentivos. Fala-se muito pouco de livros, promove-se ainda menos. As editoras fazem esforços enormes para conseguirem dar a conhecer novos autores, as novidades, mas o que conseguem fazer, num mercado pequeno como o nosso, é limitado.
Começam a surgir alguns projectos de pessoas que amam as palavras e que batalham para trazer a leitura a todos – mesmo para aquelas pessoas que acham que não gostam de ler porque a linguagem é difícil de entender. Falo de projectos como o “Bookgang” da Helena Magalhães, da recentemente lançada revista digital “Palavrar” da Analita Alves dos Santos, de todos os bookstagrams criados nas redes sociais que falam, promovem e recomendam livros.
Quer deixar alguma mensagem específica aos nossos leitores?
- aos pais de crianças pequenas para darem o exemplo de leitura. Se os nossos filhos nos virem a ler terão em nós essa referência e a probabilidade de quererem ler um livro aumenta
- deixem as crianças e os jovens escolherem os livros que querem ler. Temos muita vezes a tendência de impor uma leitura que achamos adequada – e não é por mal que o fazemos – mas estudos mostram que quando há liberdade de escolha por parte do leitor o sucesso da leitura aumenta exponencialmente e o gosto pela mesma também
- mostrar aos jovens que ler não é coisa de “nerds” e um acto “anti-cool”. Há tempo para tudo: redes socias, séries, saídas com os amigos e para ler
Se com a minha rede social e o meu webiste conseguir impactar e fazer a diferença fico de coração cheio.