A pátria, a poesia, o território, a língua e o mais importante nós e a nossa cultura. Para o poeta Fernando Pessoa ” A minha Pátria é a Língua Portuguesa“, para Eugénio de Andrade “Uma pátria tem algum sentido quando é a boca que nos beija a falar dela“. Para nós, a Pátria é este belo território onde nascemos, que nos acolhe e onde nos sentimos em casa. Um território de diversidade na paisagem, nos costumes, na gastronomia …. Portugal com “Tudo e Todos”!
Assinalamos este dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas pois queremos valorizar a nossa história, aquilo que somos, com uma pequena reportagem fotográfica, com o poema Pátria de Sophia de Mello Breyner Andresen, e o poema Frésias de Eugénio de Andrade.
Pátria
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
– Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Frésias
Uma pátria tem algum sentido
quando é a boca
que nos beija a falar dela,
a trazer nas suas sílabas
o trigo, as cigarras,
a vibração
da alma ou do corpo ou do ar,
ou a luz que irrompe pela casa
com as frésias
e torna, amigo, o coração tão leve.
Eugénio de Andrade
Em “com o sol em cada sílaba”