A serra do Caldeirão atravessada pela mítica estrada N2

A N2 na Serra do Caldeirão

A serra do Caldeirão, atravessada pela mítica estrada N2, deve ser percorrida sem pressas. A serra do Caldeirão é também designada por serra do Mú. Apesar da sua limitada altitude que pouco ultrapassa os 500 metros, forma uma paisagem muito peculiar, com elevações arredondadas, denominadas por cerros.

A serra do Caldeirão

A serra faz uma fronteira natural entre o Barrocal Algarvio (região do algarve entre a serra e o litoral), e as planícies do Baixo Alentejo. O seu ponto mais alto localiza-se em Pelados 589 m a que se segue o Pico do Mú com 577 m. Faz parte do maciço antigo e é constituída por xisto-grauvaque, rocha sedimentar formada por fragmentos de outras rochas, que origina solos finos e pouco férteis.

Atravessar a serra do caldeirão pela N2
Paisagem da serra do Caldeirão e a mítica estrada N2

O conjunto montanhoso é cortado por uma densa rede hidrográfica, constituída na sua maior parte por cursos de água temporários, que provocam um relevo bastante acidentado em diversos pontos. O percurso pela mítica estrada NE é feito de subidas e descidas, de curva e contracurva.

A serra do Caldeirão que observámos ao longo da mítica estrada N2 

A estrada N2 encontra-se repavimentada e melhorada a sinalização e condições de segurança, com algumas áreas de repouso. O troço entre Almodôvar e São Brás de Alportel foi o primeiro troço a obter a designação de Estrada Património.

N2 Estrada Património
N2, Estrada Património

A serra do Caldeirão tem influência climática considerável pois constitui uma barreira física à passagem dos ventos frios do quadrante norte e às depressões de noroeste, contribuindo para a existência de um clima mediterrânico no litoral algarvio, com fracas precipitações anuais e temperaturas suaves no Inverno. Por outro lado, é também uma barreira de condensação para das massas de ar mais quentes e húmidas do quadrante sul.

Paisagem e coberto vegetal Serra do Caldeirão
A serra do Caldeirão é uma barreira física à passagem dos ventos frios do quadrante norte

O coberto vegetal é variado com predominância de arbustos como o zambujeiro ou a murta, extensos montados de sobro, medronheiros, alfarrobeiras de pequeno porte e alguns exemplares de azinheira.

Sobreiros na serra do Caldeirão
Sobreiros ao longo da estrada N2 na serra do Caldeirão

Em termos agrícolas predominaram ao longo dos séculos as culturas de sequeiro, com destaque para a amendoeira, figueira, alfarrobeira e oliveira. Verifica-se que, nas últimas décadas, tem existido uma expansão das culturas de regadio citrinos e vinha, em áreas anteriormente ocupadas pelo sequeiro. No entanto, é notório o abandono da produção agrícola, mas os que teimam em ficar, produzem maravilhosos produtos regionais, entre outros, o mel, o queijo de cabra, o pão caseiro e a tão apreciada aguardente de medronho.

A identidade da estrada Nacional 2

Ao longo do percurso pela serra do Caldeirão é possível encontrar algumas antigas casas de cantoneiros, construídas nos finais dos anos 30 do século passado pela Junta Autónoma das Estradas. Estas casas, situadas na rede de estradas das zonas mais afastadas das capitais de distrito, pretendiam promover a proximidade entre o cantoneiro, pessoa responsável pela manutenção das estradas numa  dada região sob a sua responsabilidade.

 

Ponte na N2 serra caldeirão

 

As placas direcionais apontam as várias direções e localidades. Os postes de cimento que assinalam paragens de autocarros fazem parte da identidade desta estrada.

Marco de paragem na N2
N2 – Paragem de autocarro

Ameixial – com um posto de abastecimento de combustível que mantem a arquitetura das antigas estações de serviço.

A serra do Caldeirão atravessada pela mítica estrada N2, é um percurso a fazer sem pressa, admirando a natureza e fazendo pequenos desvios para alguns pontos de interesse, miradouros e fazendo uma pausa para descansar no Parque da Fonte Férrea.

As curvas na N2 pela serra do caldeirão
As curvas na N2 pela serra do Caldeirão

 

“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa (…)”

José Saramago

Leia também: Não me peçam razões …, de José saramago

 

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