Abraço, nas magníficas palavras de Vítor Encarnação.
Quem não gosta de um abraço? Quem, durante este longo período de distanciamento físico devido à situação de pandemia do Covid 19, longe de familiares e amigos queridos, não tem saudades de um abraço?
Num abraço perfeito nada de nós fica de fora. Cabemos na totalidade dentro dele independentemente do tamanho dos braços.
Abraço
Num abraço perfeito nada de nós fica de fora. Cabemos na totalidade dentro dele independentemente do tamanho dos braços. Aliás, os braços são apenas a flor do abraço porque antes houve todo um tempo de raízes a germinar confiança, respeito, amizade, amor. E entre o princípio e o fim há um tronco de memórias a sustentar um enlace apertado. Há pessoas a quem acenamos, damos a mão, damos dois beijos, mas não lhes damos a flor dos braços. Essa fica para aqueles indeléveis, imensuráveis, insubstituíveis, definitivos, os puros, os que connosco trilharam os caminhos todos, de montante a jusante do nosso correr, os que estiveram sempre por perto, mesmo às vezes estando longe, os que cresceram connosco, aqueles a que nos agarrámos no escuro por não haver luz nenhuma, os que ficaram quando os desertos cresceram, os que sobraram quando a vida fez as contas.
Dar um abraço é ficar quieto, aconchegado, as mãos a sorrirem nas âncoras das costas do outro, os dedos em silêncio a dizerem tudo, os corpos colados a contarem saudades, a contarem lágrimas, a contarem mortes, a contarem lembranças, a contarem cumplicidades, a contarem gargalhadas, a contarem noites inteiras, a contarem anos a fio. Cair nos braços é tudo menos cair.
A Imagem utilizada neste texto é do artista plástico Nuno Confraria. A Obra” Regresso” obteve o 1º lugar no concurso de Artes “ZÉ PENICHEIRO” 2018, sob o tema “no regaço da minha mãe”
Conheça o artista plástico Nuno Confraria e algumas das suas obras.
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