Na exposição Abstrações Íntimas encontrámos o trabalho de José Luís Gomes e nas suas palavras sentimos a vontade de desenhar e de pintar para o Mundo.
Desde que me lembro, tudo o que fosse superfície passível de riscar ou manchar, era um ótimo suporte para me expressar através do desenho e da pintura. E mesmo as barras de sabão transformavam-se nas mais bizarras figuras com a ajuda de uma faca ou canivete.
Mais tarde, surgiu a necessidade de desenvolver mais o meu trabalho, analisando o inconsciente, as emoções, o tempo da solidão, que me levaram a pesquisar e experienciar. Primeiro através dos livros de história da arte, das visitas a museus e mais tarde a frequência de cursos de arte.
E, assim, foram surgindo trabalhos inspirados no quotidiano e no estudo dos grandes mestres, que o meu entendimento vai tentando alcançar essa sabedoria.
Por vezes, a realização dessas obras é desconcertante; talvez tal, se deva às minhas próprias emoções, ao sentir que tudo foge e se dissipa, ficando distante e inalcançável, temendo ser incapaz de a concluir.
Surge então a ousadia de ir até ao fim, mesmo que um cansaço profundo torne tudo pouco lúcido e sem solução.
E é assim que a curiosidade, desde a minha infância, continua a alimentar a minha arte.
Os meus trabalhos são puramente desenho e pintura, não pretendendo estar para além do que mostram.
Utilizo uma mistura de técnicas que se sobrepõem, se entrelaçam e se cruzam entre si, até atingirem o sentido e a harmonia estética, como as entendo.
O elemento feminino está quase sempre presente nas minhas obras; através da candura, da beleza, da sensibilidade e do erotismo.