“Autoestima” um texto de Vítor Encarnação que nos convida a uns momentos de reflexão sobre a medida certa que devemos ter para o nosso orgulho ao mesmo tempo que nos mostra o importante papel de um pai na formação da personalidade dos filhos.
“Pai, diz-me de que tamanho deve ser a minha autoestima….. Dizes-me que é o que fiz e o que não fiz que me revelam, nada na vida é inócuo, tudo na vida tem um valor.”
Autoestima
Pai, diz-me de que tamanho deve ser a minha autoestima, mostra-me a medida certa para o meu orgulho, não me deixes ter nem amor-próprio a menos nem presunção a mais. Achas tu que devo caminhar equidistante, devo caminhar independente, devo seguir uma linha que o bom senso e a educação e a nobreza de espírito traçaram, dizes-me que é a meio dos extremos, entre a inaceitável submissão e a pérfida altivez, que eu devo caminhar. E que não me devo nunca desviar desse rumo e que preciso de aprender a absoluta grandeza da coerência e da memória e que nunca posso esquecer as palavras que disse, as respostas que dei, os atos que pratiquei. Porque os outros nunca se esquecem, dizes-me tu. Dizes-me que é nessa postura e nesse processo aturado e consistente que cada homem e cada mulher se define nesta coisa difícil que é viver. Dizes-me que é o que fiz e o que não fiz que me revelam, nada na vida é inócuo, tudo na vida tem um valor. Dizes-me que este tempo que agora existe é a soma de todos os tempos do que fomos e que cada pessoa, na sua totalidade, é a soma das suas decisões. O que somos, ou queremos ser, não apaga, não nos desresponsabiliza do que temos sido.
O presente não é coisa que se invente e muito menos o futuro.
Pai, diz-me, posso eu ter uma autoestima tão grande que me permita ser sempre do tamanho daquilo que quero ser?
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