Cláudia Ferro – Artista Plástica

Cláudia Ferro, uma artista plástica que, nas suas obras, mostra as várias dimensões do ser no feminino. Queremos conhecer melhor e dar a conhecer aos nossos leitores, Cláudia Ferro uma mulher licenciada em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra, com experiência na área da Psicologia e Ciências Sociais e as suas obras tão particulares que, nas palavras da artista, pretendem mostrar:

“.. uma “realidade alternativa”, mais onírica, mais pacífica, mais hedonista, mais colorida, onde o lado positivo da vida e das pessoas pudesse estar refletido e refletir-se no olhar de quem observa a obra.”

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Nós: Cláudia, fale-nos um pouco de si e do seu percurso de vida

Claudia: Nasci em Coimbra, mas vivi cerca de onze anos no Rio de Janeiro, Brasil, onde fiz aprendizagens muito importantes (e adquiri esta pronúncia ainda presente!). De regresso a Portugal, licenciei-me em Psicologia Clínica e desde há vários anos tenho exercido funções nessa área e outras no Ministério da Justiça. Atualmente resido em Lisboa.

Nós: Quando e como surgiu o gosto pelo desenho e pintura, desde jovem ou foi uma inspiração num dado momento da vida?

Cláudia Ferro: Desde criança que desenho, incentivada pela minha mãe, que sempre teve muita aptidão para o desenho/pintura e artes manuais. Na adolescência e início da juventude passei a dedicar-me também à escrita, nomeadamente de poesia.

Mais tarde, voltei a dedicar-me mais ao desenho e à pintura, e fazia trabalhos para mim própria e para familiares e amigos.

A minha primeira exposição foi em maio de 2013, numa associação cultural em Vila Nova de Gaia. Desde então tenho-me mantido sempre em atividade, participando em exposições coletivas e individuais.

Nós: Fez alguma formação específica na área das artes, do desenho ou da pintura?

Cláudia Ferro: Só pequenas ações muito curtas e pontuais, considero-me uma “autodidata”.

Nós: Como surgiu a ideia da representação do “corpo e da alma feminina” nas suas obras?

Cláudia Ferro: É curioso que sempre gostei muito da anatomia do corpo humano, de desenhar a figura humana, sobretudo a feminina porque a achava (e acho) mais atraente em termos de representação gráfica e potenciadora de criatividade: cores no rosto, cabelos, contornos do corpo…

Também desenhei outros temas, nomeadamente algumas paisagens e numa vertente mais realista.

Nós: A sua formação académica e o seu percurso pessoal ligado à psicologia foram influenciadores para a escolha do tema do “corpo e alma feminina” nas suas obras?

Cláudia Ferro: Penso que sim, abre várias portas a nível de sensibilidade, de tentar auscultar as emoções, os sentimentos, as cognições e o próprio sofrimento humano (no fundo poderemos dizer da “alma” humana). Mas também a minha área profissional, orientada para aspetos de criminologia.

Pode parecer um paradoxo, mas o “peso” emocional das problemáticas pessoais e sociais com as quais me tenho confrontado ao longo de mais de vinte anos (e que compõem um lado “mais escuro” da vida/da pessoa) impeliram-me para procurar/desenhar/pintar uma “realidade alternativa”, mais onírica, mais pacífica, mais hedonista, mais colorida, onde o lado positivo da vida e das pessoas pudesse estar refletido e refletir-se no olhar de quem observa a obra. 

Nós: É habito dizer-se que “os olhos são as janelas da alma”, os grandes olhos das mulheres que vemos representadas nas suas obras, parecem dominar todo o resto e prendem-nos a atenção. Fale-nos um pouco sobre esta forma muito peculiar de representar a alma.

Cláudia Ferro: Sim, os grandes olhos das minhas figuras humanas (femininas na sua grande maioria) têm essa intenção: deixar transparecer emoções, afetos, expetativas. Como diz: “os olhos são as janelas da alma”: estes grandes olhos observam, apreendem e interpretam o que está fora, integrando parte dele no seu interior. Por outro lado, refletem, ou melhor, projetam no expectador o que está dentro (será “alma”?). Também há “troca de olhares” quando numa obra represento um casal, com o mesmo duplo sentido de movimento, fora/dentro, dentro/fora.

Nós: Qual ou quais as obras que mais gostou de realizar?

Cláudia Ferro: Gosto muito de as criar, de fazer os esboços, de escolher as cores… Gostei particularmente de fazer “Plaza Mayor”, por ter pela primeira vez combinado num mesmo quadro uma vertente mais realista e outra mais impressionista.

Nós: Muitas das suas obras representam apenas a mulher, como e quando surge o elemento masculino nas suas obras?

Cláudia Ferro: O masculino tem surgido nas obras da coleção “Afrodites” como elemento ligado ao feminino, a sua presença representa o “relacional”, a partilha de emoções e afetos, numa perspetiva de amor, paixão, deleite, proteção…

Nós: Participa em exposições para dar a conhecer as suas obras? Que exposições ou outras atividades de divulgação das suas obras já realizou?

Cláudia Ferro: Sim, as exposições são uma oportunidade única de divulgar o trabalho artístico, de auscultar opiniões, de reunir amigos e pessoas que gostam do trabalho que fazemos.

Fiz algumas exposições a norte do país, em Vila Nova de Gaia e Porto, em Lisboa e em Coimbra. Participei em várias exposições coletivas.

Já ilustrei dois livros, algo que me deu imenso prazer: criar a partir de uma narrativa.

Nós: Que projetos futuros tem em mente?

Cláudia Ferro: Quero continuar a pintar, tenho prevista a participação noutras coletivas e estou a fazer novos trabalhos, com outras temáticas.

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Veja aqui uma galeria de imagens de obras de Cláudia Ferro, mas não perca a oportunidade de visitar a exposição patente no Centro de Cultura do Crédito Agrícola Mútuo, Lisboa,  denominada “AFRODITES” conta com o apoio da CULTARTIS e Curadoria de Cláudia Ferro. Com inauguração marcada para dia 29 de agosto pelas 17h30m, vai estar patente até ao dia 23 de setembro das 9h30m às 19h30m.

A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível. Leonardo da Vinci

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