Conversas soltas … Aqui e Ali!

A atração que as palavras ouvidas.

Dando voz a quem se dedica a ler os artigos publicados no Blog HucIlluc, vamos partilhar “Conversas soltas … Aqui e Ali!” da autoria de Bé Baptista.

A atração que as palavras ouvidas exercem em nós e nos levam a escutar pequenos pedaços de histórias alheias, de vidas comuns, que revelam verdades, mentiras, erros, ilusões, fazem-nos alhear de nós próprios, da nossa própria vida. A este propósito citamos Michel Eyquem de Montaigne (1592) um jurista, político, filósofo, escritor e humanista francês:

As palavras pertencem metade a quem fala, metade a quem ouve.”

759

Aqui fica a história contada por Bé Baptista

Há coisas que nos fixam a atenção, mesmo que involuntariamente, – e acreditem ou não -, o autocarro 759, consegue!

Há dias conversava com a minha cunhada sobre os nossos poucos momentos de leitura. A minha viagem diária para o trabalho no 759 podia perfeitamente ser o meu momento diário de leitura. Mas não é. Não consigo. Não consigo mesmo. E já tentei inúmeras vezes. O 759 é uma fonte de entretenimento fantástico. 

Concentração só nas absurdas, caricatas, supostamente reservadas, conversas telefónicas para a mãe ou para os filhos ou sobre os namorados que não apareceram, ou de umas amigas sobre as outras. A vizinha que anda com outro que já não é o mesmo. A polícia que rusgou na véspera e foi uma maçada. Mesmo à hora do jantar.

Nos putos dos Olivais que, estrategicamente, guardam lugares para as miúdas ‘kardashian’ de Chelas. Nos intelectos e nos aspirantes a ‘dandy’ que entram no Beato, e me fascinam pela sobriedade, mas também pela disparidade ‘fashion’, e que depois saem comigo no Terreiro do Paço.

Na malta da metadona que finge não se conhecer no autocarro e que depois, atropelam-se ao sair, em lábia e em passo de corrida para chegar à carrinha da dose, que já os espera em Santa Apolónia.

Um dia destes acontece uma revolução de mim entre mim, eu que escrevo e organizo os meus dias ao pormenor. Há uns tempos, os meus momentos de “estupidificação” eram depois do almoço, em palhaçada com os colegas e amigos. Depois, chutei-os para depois do jantar, naquele momento em que só olhamos para a televisão e não vemos nada. Agora, transferi-os para o 759. Vale a pena! O 759 é um shot de multiculturalidade e de histórias absolutamente revigorantes. A minha curiosidade delicia-se com este percurso.

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