Assinalamos o Dia do Trabalhador, com a simplicidade das quadras de um grande poeta popular algarvio António Aleixo. São quadras de uma simplicidade que revela, um pouco, uma filosofia da vida associada às gentes do povo e associada à expressão “Um saber só de experiências feito”.
Em tempos idos, a dureza dos trabalhos que requeriam grande esforço físico, fazia com que os trabalhadores cantassem para amenizar essa dureza pois “Quem Canta seu mal espanta”.
Ainda recordo de, em casa de meus avós na época das vindimas, os donos das vinhas incentivarem os trabalhadores que vindimavam a cantarem pois diziam, com graça, que – “enquanto cantam não comem as uvas”.
Eu não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas,
Lições de filosofia.
…..
Diz que viver é sofrer…
Concordo. Mas não compreendo
Que ninguém ouse dizer
Quanto se aprende sofrendo!
…..
Eu não sei porque razão
certos homens, a meu ver,
quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.
Vemos gente bem vestida,
no aspecto desassombrada;
são tudo ilusões da vida,
tudo é miséria dourada.