Do mar à Serra de Monchique

20180724_124917.jpgAqui e Ali, por terras do Algarve

O incêndio que nos entristece

Damos nota de que, no dia da publicação deste artigo, um incêndio lavra na Serra de Monchique, consome mata, os bens dos habitantes e ronda povoações colocando-as em perigo. Acontecimento que nos entristece profundamente e nos faz recordar outras tragédias associadas a incêndios ocorridos em outras datas e em outros locais.  É avassalador ver as imagens transmitidas nos telejornais e pensar que ainda há poucos dias estivemos apreciando a tranquilidade e beleza desta serra. As altas temperaturas que se fazem sentir no início deste mês de agosto, obrigam a cuidados redobrados com a natureza e em especial com as florestas.  

 

 

 

Por aqui e ali, num dia de verão partimos de Albufeira, uma cidade disposta em anfiteatro sobre o mar, passando por jardins, pelos campos, por Silves, bebendo água das caldas de Monchique e subindo ao pico da serra em Fóia.

O fascínio do Mar

É inegável o apelo do mar que nós portugueses sentimos. Seja pela brisa fresca, pela beleza da nossa costa, pelas areias finas e douradas que nos massajam os pés descalços percorrendo a praia, pela sensação fresca e revitalizante de um banho de mar, pela carícia do sol na pele após o banho, pelo som cadente das ondas que morrem na areia, pelo voo das gaivotas, no verão, o mar chama-nos, ainda com mais intensidade.

A bela cidade de Albufeira

Albufeira passou de uma tranquila vila piscatória onde podíamos apreciar a azáfama das lides da pesca e, por vezes, assistir à chegada das pequenas embarcações dos pescadores à designada “praia dos pescadores”, a uma cidade turística conhecida internacionalmente. A praça onde se comprava o peixe fresco, era logo ali por cima da “praia dos pescadores”. Recordamos essa vila passeando pelo espaço onde, atualmente existem múltiplas esplanadas de restaurantes e de bares. Contíguo à praia dos pescadores é montado o palco para a atuação de artistas vários que animam as noites de verão. Numa noite fresca com a brisa a soprar, percorremos as bancas montadas nesse espaço, deliciámo-nos com bolos tradicionais de amêndoa e ovos, ao som de músicas populares como “A Perninha da Menina” e outras, que uma banda entoava.

O mar, a baía de águas tranquilas, construções de areia do artista José Monteiro, recantos da cidade de Albufeira.

Mas, não só a praia e o mar exercem um fascínio sobre nós, também os jardins, que se vestem de cores quentes com as flores e cores de verão, fazem o regalo da nossa vista.

Em direcção à Serra de Monchique

Um dia bem cedo, partimos para um passeio até à serra de Monchique para a redescoberta de recantos, para deixar que o verde da vegetação e dos frutos que aguardam o sol para amadurecerem, nos despertem os sentidos e nos transmitam a sensação de um bem-estar muito tranquilo, tão necessário para retemperar as forças para uma vida citadina e agitada na maior parte do ano.

Pelo caminho parámos em Silves, de longe avista-se o castelo.

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Aqui acontece todos os anos, em agosto, a Feira Mediaval que traz animação ao centro histórico desta cidade algarvia bem como outras iniciativas como os fins de tarde no Castelo, que procuram trazer vida e animação.

Tal como acontece em muitas das nossas cidades mais pequenas, observámos belos prédios um pouco degradados ou deixados ao abandono. Situação que nos causa alguma apreensão pela necessidade de preservação do património edificado que faz parte da nossa história e cultura e também pelo despovoamento que acontece em algumas zonas do nosso país. Algo deve ser feito para promover a fixação das pessoas nas pequenas cidades e povoações do nosso país.  É, não só, a beleza natural deste território que se estende à beira mar mas, fundamentalmente, são as pessoas que o tornam genuíno e procurado pelos turistas.

As termas de Monchique

Seguindo em direção a Monchique, vemos aparecer alguma vegetação característica, constituída por sobreiros e medronheiros. Ao longo da estrada surgem ninhos de aves, colocados no topo dos postes, com os seus habitantes que nos remetem para histórias antigas e de encantar povoadas de cegonhas e de bebés transportados por estas, para as casas que os aguardavam.

Repousamos no espaço das termas e bebemos a água fresca que jorra, sem parar, de uma bica no meio da mata, ao som das cigarras.

 

O restaurante Luar da Foia

Já com vontade de almoçar, subimos mais um pouco, na direção de Fóia. Parámos no restaurante “Luar da Foia” onde, para além, de uma refeição saborosa, bem confecionada com produtos de qualidade, com uma variada ementa, pode apreciar a paisagem que se estende aos nossos olhos a partir da varanda que circunda o restaurante ….

Depois de um belo repasto, a tarde já ia avançada, seguimos ainda mais um pouco até ao ponto mais alto da serra Foia, onde se encontram instaladas uma série de antenas e outros dispositivos de transmissão. Aqui, pode sentar-se numa esplanada, apanhar o ar fresco que se faz sentir na brisa que corre o espaço e deixar fluir o tempo, entre uma conversa e a água que mata a sede…

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Para terminar, a letra de uma cantiga popular

 

A Perninha da Menina

Passei de largo para ver se não te via
Se me esquecia do teu doce bamboleio
Mas por má sorte caminhaste para mim
Olhos gulosos e assim
Com o vento a colar teu seio

Olha a perninha, a perninha da menina
Olha a perninha, a perninha a dar a dar
Cabeça não tem juízo e a perna é que vai pagar
Cabeça não tem juízo e a perna é que vai pagar

Amor de verão que foi no tempo das colheitas
E o teu perfume tinha a naturalidade
De quem descansa dos trabalhos e maleitas
Nos derriços mais gostosos de uma breve mocidade

Olha a perninha, a perninha da menina
Olha a perninha, a perninha a dar a dar
Cabeça não tem juízo e a perna é que vai pagar
Cabeça não tem juízo e a perna é que vai pagar

Mas da seara cortada fez-se farinha
Dessa farinha com fermento fiz o pão
Ficou-me ao peito essa trigueira rainha
Que me roubou alegria ao meu canto e coração

Olha a perninha, a perninha da menina
Olha a perninha, a perninha a dar a dar
Cabeça não tem juízo e a perna é que vai pagar
Cabeça não tem juízo e a perna é que vai pagar

Pedro Barroso

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