O Mosteiro de Lorvão fica no concelho de Penacova num bonito vale com vegetação e cercado de serras, uma zona de grande beleza natural. Visite este espetacular mosteiro, a igreja monumental que escapou ao desgaste do tempo, das guerras e das lutas religiosas e políticas. Oiça a explicação do guia e fique a conhecer um pouco da sua história.
A fundação do Mosteiro
O Mosteiro do Lorvão foi fundado no ano de 878 pelos monges de Cluny, pertencentes à Ordem de São Bento, originaria da cidade francesa de Cluny, que dedicaram o mosteiro a São Mamede e São Pelágio.
Durante o reinado de D. Afonso Henriques, o Mosteiro do Lorvão, bem como o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, foram importantes centros de produção de manuscritos iluminados. No scriptorium do Lorvão foram produzidos documentos e manuscritos de relevo, como o “Livro das Aves” e o “Apocalipse do Lorvão”, dois dos primeiros manuscritos iluminados produzidos do reino de Portugal.
O Mosteiro do Lorvão e as netas de D. Afonso Henriques
Os maiores tesouros da igreja são os túmulos de prata de Santa Teresa e Santa Sancha, netas de D. Afonso Henriques, feitos por um ourives do Porto em 1715.
D.ª Teresa, filha do rei D. Sancho I e neta de Afonso Henriques, casou com o seu primo Afonso XI rei de Leão, com quem teve três filhos. No entanto, o matrimónio foi considerado nulo por motivo de consanguinidade. D. Teresa regressa a Portugal, recolhe-se no Mosteiro do Lorvão e funda o primeiro mosteiro feminino da Ordem de Cister. Alguns anos depois, D. Sancha junta-se à irmã. A última das irmãs a procurar refúgio no Mosteiro do Lorvão foi D. Mafalda, após ver o seu casamento com o rei de Castela anulado, devido à morte deste ainda antes da consumação do matrimónio.
Nesta altura, o mosteiro ainda vivia tempos de abundância e a velha igreja beneditina foi reconstruída ao estilo do palácio de Mafra, por um arquiteto que trabalhou nos dois projetos.
A Clausura das monjas
As monjas não podiam ter contato com os visitantes. Foi então construída a grade de ferro com ornamentos de bronze dourado que separa a igreja do coro-baixo que fazia a ligação ao mosteiro e que resguardava as monjas.
O Cadeiral
No coro-baixo há um cadeiral espetacular, feito de jacarandá e nogueira e decorado com figuras de santos.
É considerado o maior e mais espetacular cadeiral português. Demorou cinco anos a construir e o que sobreviveu de um incêndio encontra-se ainda em bom estado. Tentaram reconstruir as 11 cadeiras que arderam, mas desistiram da tarefa porque o resultado ficava longe do original.
A grade e o Órgão
A grade não fazia apenas a separação física entre as monjas e os restantes devotos. Também fazia uma distinção acústica. O órgão é do séc. XVIII e é usado com muita frequência nas missas de domingo.
Lorvão nos dias de hoje
Em 1834, com a extinção da Ordens Religiosas em Portugal, o Mosteiro do Lorvão viveu, como tantos outros, o início do seu declínio com a perda de obras de arte, acumuladas durante séculos. Espoliadas dos seus bens, as últimas freiras do Mosteiro viveram até ao dia da sua morte na mais absoluta pobreza. Na primeira metade do século XX, o Mosteiro do Lorvão acolheu um Hospital Psiquiátrico encerrado no ano de 2012.
No final da visita, à saída, diz-nos o guia que este espaço vai ser transformado num hotel de charme.
Os doces conventuais
Depois de visita ao Mosteiro, não deixe procurar algumas pastelarias vizinhas, e delicie-se com alguns dos vários doces conventuais originários deste Mosteiro, como: os pastéis de Lorvão ou os beijinhos de Lorvão.
Pastéis de Lorvão
Ingredientes:
- 460 g de açúcar
- 120 g de miolo de amêndoa
- 3 dl de água
- 12 gemas e 2 claras
- 2 c. de sopa de farinha
- raspa de 1 limão
- 1 c. de chá de manteiga
Canela a gosto
Preparação: Leva-se o açúcar e a água ao lume a fazer ponto de espadana; depois junta-se-lhe a amêndoa passada pela máquina e a seguir a farinha. Mexe-se sempre e retira-se do lume (deve ferver pouco tempo) e deixa-se arrefecer, juntando-se depois as gemas e as claras batidas. Por fim junta-se o limão e a canela. Deita-se este doce com forminhas mal cheias, untadas de manteiga e polvilhadas com farinha. Levam-se a cozer ao forno.
Beijinhos de Lorvão
Ingredientes:
- 500 g de açúcar,
- 50 g de amêndoa,
- 8 gemas de ovo
Preparação: Faz-se uma calda de açúcar deixando-se num ponto leve. Nessa calda deita-se a amêndoa que já deve estar pelada e moída. Quando a massa estiver num ponto forte, tira-se do fogo, deixa-se arrefecer e deita-se-lhes as gemas, levando novamente ao lume só para estas se cozerem. Depois da massa esfriar, tendem-se bolinhas que se embrulham em papel de seda de várias cores.
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