À conversa com Milu Loureiro, escritora e ilustradora

Milu Loureiro, as palavras, as histórias e as ilustrações que fascinam as crianças e os adultos. Milu Loureiro, uma mulher que se sente realizada em termos pessoais e profissionais que vive com paixão e entrega em tudo o que faz. Encante-se com as histórias com ilustrações tão coloridas e criativas de que Milu nos fala nesta entrevista e que encontram nas crianças um publico atento e interessado.

Desde cedo descobre a paixão pelas palavras e pela escrita conforme nos diz:

A escrita sempre fez parte da minha vida, pois sempre amei as palavras, mas nunca tinha tido a coragem suficiente para tornar público algo que escrevesse.

Adoro brincar com as palavras, adoro lutar com elas …

 

Milu Loureiro fale-nos um pouco do si, da mulher que se sente ser.

Bom, em primeiro lugar, devo dizer que me sinto muito bem na pele de mulher. Sinto-me uma mulher realizada no meu papel de mulher e mãe e agora de avó. Sinto-me realizada a nível profissional pois sempre desempenhei a minha profissão com muita paixão, com muita entrega.

Agora, nesta nova etapa da minha vida, também ponho toda a minha paixão, toda a minha criatividade, todo o meu afeto. E sou feliz a fazer feliz o meu público: as crianças!

 

 

Foi o seu percurso profissional dedicado ao ensino e de professora bibliotecária que a fez descobrir o fascínio da escrita?

Sim e não e explico… A escrita sempre fez parte da minha vida, pois sempre amei as palavras, mas nunca tinha tido a coragem suficiente para tornar público algo que escrevesse. Mas na realidade, foi o facto de ter sido Professora Bibliotecária que me fez redescobrir o fascínio das histórias.

Tanta história li e contei que a vontade de escrever as minhas próprias histórias surgiu e eu deixei-me levar…

 

Quando decide dedicar-se apenas à paixão da escrita, de contadora de histórias com palavras e com ilustrações?

A vida na Escola modificou-se substancialmente e tornou-se pouco apetecível. Ou saía na altura em que saí ou tinha de ficar… Optei por deixar o ensino e dedicar-me por inteiro a esta nova “profissão”. Também começava a ter convites para ir a outras escolas e esse lado começou a puxar-me. Foi uma boa opção!

 

Fez formação específica na arte da narração e da escrita?

Fiz apenas alguma formação na área da narração oral. Uns cursos com a narradora Clara Haddad.

 

As suas histórias dirigem-se às crianças, é fácil encontrar nas crianças um púbico atento e interessado?

Ah, penso que não há público mais atento e interessado! Como sempre trabalhei com uma faixa etária mais avançada, quando descobri este público mais novo, fiquei fascinada com o seu carinho, o seu afeto, a atenção que me tem dedicado.

Como é bom, no fim das sessões, ver-me rodeada de crianças que me querem abraçar, beijar, que me dizem ter gostado das minhas histórias e de mim! São momentos mágicos! Como uma menina de 6 ou 7 anos que durante a apresentação, de braços cruzados, me disse: “ Por acaso já reparaste que és uma artista?!”.

É do melhor que se pode ouvir!!

 

Como surgiu a ideia de contar as histórias ilustradas feitas com retalhos de tecidos coloridos?

O primeiro livro que publiquei, O esquilo que amava as palavras, tinha as ilustrações a preto e branco. Eu achei que o livro era pouco apelativo e então decidi fazer materiais narrativos mais sugestivos, que cativassem mais as crianças. Então, comecei a fazer os tapetes narrativos, depois os aventais, depois os livros de pano, depois os cenários em 3D … Talvez, isto não fosse nada demais… mas eu não sabia coser, não sabia desenhar…

Como divulga os seus trabalhos é através de ateliers específicos de exposições ou outra forma?

A divulgação é feita, essencialmente, nas sessões que faço nas escolas, nas bibliotecas. Mas também divulgo no Facebook, na minha página Contos aos pontos, em exposições em Bibliotecas…

Há alguma exposição ou evento que tenha sido para si um desafio, ou por outro motivo, considere ter sido de relevo?

O meu grande desafio foi começar a ilustrar as minhas próprias histórias, começar a usar a tesoura, as agulhas, as linhas, os tecidos… Tudo isto em puro autodidatismo… Vou-me desafiando e concretizando!

 

Tem vários livros infantis publicados. Fale-nos um pouco sobre a motivação e inspiração para a escolha das histórias a contar. Qual é o seu preferido?

A motivação é intrínseca. A inspiração acontece através da observação, de vivências, de experiências, através de programas como o National Geografic.

Claro que gosto de todos os meus livros, mas como costuma dizer-se “ Não há amor como o primeiro!” , talvez seja o primeiro, O esquilo que amava as palavras e outras histórias, agora em 3ª edição e com ilustrações coloridas e feitas por mim!

 

Com as suas histórias, para além de envolver as crianças despertando-lhes a imaginação, pretende também transmitir alguma mensagem?

Ah, sim, embora não pretenda ser moralista, há sempre uma mensagem subjacente.

As mensagens que gosto de passar são mensagens ecológicas, de afetos, de valores, de amor pelas palavras, pelos livros…

 

Como considera que tem evoluído como escritora?

Considero que tenho evoluído! Se não sentisse que evoluía, mais valeria parar… Mas a minha maior evolução, não só na minha ótica, mas na de terceiros, é a nível da ilustração!

Que projeto gostaria de fazer num futuro breve?

Fazer um livro diferente! O projeto está feito… a sua concretização é que é difícil, neste país… O livro, tal como o imagino, é normalmente feito na China. Aqui sai caríssimo… e livro caro não vende…

 

Milu Loureiro, num encontro com crianças como responderia às seguintes perguntas delas:

   É bom escrever?

♠  Oh, é muito bom escrever! Adoro brincar com as palavras, adoro lutar com elas…

   Gosta de ler?

♠  O ler vem antes do escrever! Sempre li, li… esquecia-me de comer, chamavam-me e eu não queria largar o livro de tal maneira me embrenhava na narrativa…

   Quem a ajuda a fazer as suas histórias ou faz sozinha?

  As histórias saem da minha cabeça e das minhas mãos! Escrevo-as e ilustro–as… Não tenho ajudas…

   Como aparecem as ideias para escrever?

  As ideias resultam daquilo que observo, do que me rodeia, do que me preocupa. As ideias surgem, essencialmente, de noite, quando não durmo, ou me custa mergulhar no sono. Não registo nada, inicialmente… A história é construída mentalmente, traço o seu esqueleto. Depois, quando passo as ideias para o papel, a história engorda… Escrevo sempre a lápis, num caderno, e só depois passo para o computador. E nesse momento, já aproveito para fazer algumas correções.

   É cansativo escrever?

  Não, não acho cansativo! Quando se faz o que se gosta, não nos cansamos… Se o cansaço chega, paro e retomo quando a vontade chega de novo!

   Como é feito um livro?

  Primeiramente, escrevo a história. Em seguida, faço as ilustrações do miolo, as ilustrações da capa e da contracapa e digitalizo-as. No computador, adapto o texto às imagens. Escrevo a sinopse (resumo) da história na contracapa e envio para a editora. O livro demora mais ou menos 4 meses a ficar pronto.

   Ao deitar contam-me histórias para adormecer, também ouviu muitas?

  Sim, ouvi muitas histórias quando era criança. Connosco moraram sempre a minha avó paterna e uma tia paterna que me incutiram o gosto pelas histórias, pelas lengalengas, pelos provérbios…

   E gosta de contar histórias?

  Adoro contar histórias! Quando as conto, quase me transformo! As histórias tomam conta de mim e eu sou as histórias. A acreditar naquilo que me vão dizendo, durante estes 10 anos, transmito plenamente a minha paixão pelas histórias!
Milu Loureiro
Milu Loureiro e as suas histórias infantis ilustradas

 

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Um comentário em “À conversa com Milu Loureiro, escritora e ilustradora

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