À conversa com Ana Malta, artista plástica

Ana Malta é uma artista plástica cujo talento é reconhecido no país e internacionalmente. A paixão pela pintura nasce muito cedo, foram as vivências em criança, em casa de seu bisavô materno, num ambiente propicio à leitura e à arte em geral, que lhe despertaram o gosto pela pintura. Ao longo dos anos, numa ânsia de aprendizagem, viaja por todo o mundo, frequenta ateliers de mestres, aprende diversas técnicas, num estudo constante da excelência da grande pintura, demonstra a sua paixão pela pintura que, conforme Ana Malta nos diz, se reflete numa:

criatividade espontânea transportada para o suporte com energia, emoção, dor às vezes revolta, mas sempre de amor e enorme gratidão por fazer o que tanto amo.”

 

Ana Malta, nas suas obras conseguimos perceber a paixão e a criatividade que coloca no seu trabalho. Quando e em que circunstâncias surge essa paixão pelas artes e pela pintura?

Creio que a paixão pelas artes surgiu do contacto sempre presente com livros e pinturas que existiram em casa do meu bisavô materno. São memórias que permanecem constantes no nosso subconsciente, daí talvez o meu amor e paixão pelas artes nomeadamente pela pintura, refletindo-se ao longo do tempo, numa criatividade espontânea transportada para o suporte com energia, emoção, dor às vezes revolta, mas sempre de amor e enorme gratidão por fazer o que tanto amo.
Ana Malta e as suas obras
Ana Malta e as suas obras criadas com amor e paixão pelas artes nomeadamente pela pintura

Sempre conseguiu conciliar a vida ativa profissional e familiar com esta paixão pela pintura? Em que momento decide dedicar-se na totalidade à pintura?

Sempre consegui conciliar a vida profissional e familiar com a pintura, daí começar muito cedo e calmamente o meu caminho no mundo das exposições. Sempre contei com o apoio do meu marido e mais tarde do meu filho e dos meus netos, no presente já adultos. Essa conjugação permitiu-me uma segurança emocional e também, uma certa estabilidade económica para crescer ao longo deste tempo como pintora e dedicar-me em pleno à pintura ao fim de quarenta e cinco anos de vida profissional activa.

 

Fez alguma formação específica na área das artes ou é uma autodidata? Ana Malta, como faz para evoluir, aperfeiçoar o seu estilo e crescer enquanto artista?

Tive a possibilidade de frequentar ateliers de mestres e aprender diversas técnicas que hoje domino com facilidade e segurança no meu processo criativo e o viajar por todo o mundo, visitando os principais museus e galerias de arte, num estudo constante da excelência da grande pintura.

Sou do tempo e mesmo do muito tempo… que não havia internet… nem telemóveis… apenas um telefone fixo na entrada de casa. Cresci, lendo, estudando, aprendendo, como costumo contar aos meus netos vivendo calmamente todas as estações da vida, nascimento, infância, adolescência, idade adulta e no presente o início da caminhada final… estou mesmo a completar 71 anos… todo um conjunto coeso de fatores que me permitiram e permitem crescer, evoluir e aperfeiçoar o meu trabalho na pintura.

 

Como se inspira e como descreve a sua técnica para “verter” na tela essa inspiração?

“Verter” na tela a minha inspiração não é mais do que um grande trabalho de reflexão e de um aglomerado de experiência vivida, alegres, muito sofridas, sentidas e na contemplação da melhor paleta de cor que é a mãe natureza. Todos estes factores são técnicas ou serviço da inspiração, mas não posso dar-me ao luxo… hoje não estou inspirada… não pinto…. Ela (a inspiração) acaba sempre por aparecer…mas trabalhando… trabalhando… com uma vontade frenética… e tudo acontece.

 

Efetuou centenas de exposições nacionais e internacionais, coletivas e individuais onde obteve inúmeros prémios e distinções, há alguma que considere ser assinalável para o seu percurso de artista?

Todas as exposições são marcantes para qualquer pintor, mas quando me encontrei em pleno Museu de Arte Contemporânea em Barcelona, rodeada de arte e de artistas de todo o mundo, ouvir o meu nome e o do meu país, para receber um Prémio Internacional pelo meu percurso na pintura, senti uma gratidão e emoção que já mais esquecerei.

 

 

Qual foi a sua primeira obra que resolveu expor ao público? De todas as obras que tem criado há alguma que considere especial?

Comecei a expôr na minha cidade em bares, restaurantes, lojas de moda, hotéis, escolas, stands, coletividades, igrejas, eventos desportivos, festas de família e de amigos, todas as pinturas foram especiais e sempre especiais os locais onde expus, mas a minha viagem a Giverny em França foi marcante, apaixonei-me por Monet, pelos nenúfares, pelos jardins, por toda aquela envolvência. Já perdi a conta aos nenúfares que pintei depois da minha visita a Giverny, e até morrer pintarei sempre nenúfares e amarei sempre Monet.

Marcantes também as minhas viagens a Índia e a Amazónia, o contacto com culturas tão diferentes, o ver, o sentir, o pulsar de gentes que quase nada tendo, acreditam e dão-nos grandes lições de vida. A beleza de um planeta que é indigno do homem.

E a natureza, sempre a natureza… como fonte de inspiração na minha pintura, e a cor… sempre a cor…

 

Tem visto reconhecido o seu trabalho e percurso na pintura, com a atribuição de várias distinções internacionais, como foi o caso do prémio internacional Diego Velázquez, o de “Artist of the Year” numa mostra em Itália, o de Embaixadora Cultural da Paz do Instituto Comnéne Palaiologos de Educação e Cultura, signatário do pacto global das Nações Unidas. Quer falar-nos um pouco sobre as circunstâncias e o que sentiu quando recebeu estas distinções?

Senti, sinto e sentirei uma enorme gratidão por todas as distinções nacionais e internacionais que tenho recebido ao longo da minha vida.

Estar na arte e na vida com uma postura de amor, de verdade, de conciliação e de acreditar que a arte pode mudar o mundo para melhor, dá-me uma força e paz interior difícil de explicar. Partilho essa filosofia de vida, de estar. São valores que preservo e defendo.

 

Ana Malta, as suas pinturas têm uma vastíssima gama de cores e de tons, com cada uma a desempenhar um papel importante nas suas obras de arte. O que pretende transmitir com essa paleta de cores? E de que modo pode afetar a maneira como a sua arte é percebida por nós, os outros?

Obra de Ana Malta

A cor na minha pintura mistura-se numa ordem (desordem) de energia e ritmo alucinante, todas as cores, desempenham a sua função. “A pintura nasce”, toda essa dança no suporte, é bem natural que transmita e desperte a quem contempla varias sensações…Ama-se ou não…

 

“Cada obra de arte inclui uma forma, que se alinha na linha e no espaço”. Os olhares que se encontram com a obra de arte podem ver uma forma diferente e por sua vez percecionar uma composição também ela diferente. É verdade que os vários elementos que compõem uma pintura podem afetar como o espetador percebe e olha para uma pintura?

Os olhares que se encontram ao admirar uma obra de arte podem percecionar uma visão diferente daquela que o pintor apresenta. Na minha opinião Arte é isso mesmo.

 

A arte é, sem dúvida, uma componente essencial no desenvolvimento intelectual e cognitivo dos humanos.  Considera que em Portugal é dado o relevo e apoios merecidos à arte e aos artistas?

Sem dúvida alguma que a Arte é uma componente no desenvolvimento intelectual e cognitivo dos humanos. Em Portugal muito mais terá de ser feito. É difícil, para não mencionar que é impossível viver só da pintura…quem não tiver um suporte financeiro não tem hipótese… fica estagnado.

 

 

Na sua opinião o que falta fazer para levar o público a interessar-se e a visitar as exposições de arte que vão acontecendo?

A pouco e pouco as mentalidades vão mudando…continuar a fazer o que já se começou, logo de pequenino, pelo jardim-de-infância… e por ai fora.

 

Vivemos em sociedade e todos temos o dever de dar o nosso contributo para mudar o estado das coisas. Sabemos que tem tido um papel muito ativo na promoção da arte, fale-nos um pouco destas suas atividades.

Todos, mas todos temos o dever de contribuir para uma sociedade mais justa e tolerante. Um país que não investe na cultura será pobre e mais injusto.
Ana Malta, Embaixadora Cultural da Paz
Ana Malta, Embaixadora Cultural da Paz. “Um país que não investe na cultura será pobre e mais injusto.”

 

Ana Malta, este espaço é seu. Que mensagem quer deixar para que nos lê?

Aqui vai a minha mensagem:

Hoje, em Portugal os espaços municipais e as coletividades já oferecem eventos culturais gratuitos.

Visitem, levem as crianças, os jovens, participem e…quando passarem ao lado de uma galeria de Arte, entrem sem medos…valerá a visita.

Um grande bem-haja a todos que acreditam e fazem acontecer Arte, jamais desistam.

Viva a Arte Sempre.

 

 

Veja Aqui uma galeria de imagens de Obras de Ana Malta

4 comentários em “À conversa com Ana Malta, artista plástica

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