No entardecer dos dias de Verão

 

Na volta ao Sol, chegou o Verão e expomos o poema “No entardecer dos dias de Verão, às vezes,” de Alberto Caeiro, um heterónimo do poeta português Fernando Pessoa.

 

No entardecer dos dias de Verão, às vezes,

Ainda que não haja brisa nenhuma, parece

Que passa, um momento, uma leve brisa…

Mas as árvores permanecem imóveis

Em todas as folhas das suas folhas

E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,

Tiveram a ilusão do que lhes agradaria…

 

Ah!, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!

Fôssemos nós como devíamos ser

E não haveria em nós necessidade de ilusão…

Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida

E nem repararmos para que há sentidos…

 

Mas Graças a Deus que há imperfeição no Mundo

Porque a imperfeição é uma coisa,

E haver gente que erra é original,

E haver gente doente torna o Mundo engraçado.

Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,

E deve haver muita coisa

Para termos muito que ver e ouvir…

Alberto Caeiro

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