Praia do Norte na Nazaré no radar do mundo

Circuito de ondas gigantes da World Surf League

Pelos caminhos de Portugal partimos à descoberta das suas regiões riquíssimas de histórias e beleza natural. Provar a melhor gastronomia, conhecer os trajes típicos ou a melhor onda para surfar, por exemplo, são motivos que convidam a um passeio a uma Vila muito conhecida pelas suas lendas e tradições – Nazaré.

E fomos exatamente na sexta-feira, 16 de novembro, quando se realizava na Nazaré a etapa do circuito de ondas gigantes da World Surf League. Admitimos que desconhecíamos, mas tirámos partido da surpresa e não quisemos perder pitada deste passeio à bela vila piscatória da Nazaré.

O peixe fresquinho da Nazaré

À chegada, deparámo-nos com um mar de pessoas e calculámos que algo se estaria a passar no Sítio da Nazaré … Não seria apenas porque estava um dia radioso! Sentadas no restaurante Fonte Mar a saborear um belo robalo escalado bem fresquinho, questionámos o empregado que prontamente refere o campeonato das ondas gigantes da Praia do Norte. Sorrimos numa alegre cumplicidade …

Praia do Norte

Em consequência, após almoço, seguimos de imediato para os penhascos que rodeiam a Praia do Norte. Efetivamente encontrámos por lá uma multidão, quer de turistas e famílias, quer de surfistas no mar e em terra. Todos queriam ver a praia que está no radar do mundo por ter as maiores ondas do planeta. Claro que nós também. Não íamos perder esta oportunidade! Mas infelizmente chegamos praticamente no fim.

Melhor do que falar dos surfistas de ondas gigantes – os “big riders”, ou dos tubos incrivelmente perfeitos que fazem toda a viagem valer a pena não só para os surfistas mas também quem vê do alto do penhasco ou do Forte de S. Miguel Arcanjo, ou ainda das ondas do canhão da Nazaré, com cerca de 20 metros, é olhar para as imagens que aqui ficam a assinalar esse dia de campeonato na Praia do Norte.

“As ondas quebravam uma a uma

As ondas quebravam uma a uma

Eu estava só com a areia e com a espuma

Do mar que cantava só para mim”

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

O Sítio da Nazaré

Naturalmente fomos agradavelmente surpreendidas por este campeonato, mas o propósito inicial da nossa visita a esta Vila prendia-se com a sua história, os seus monumentos e património, não esquecendo a lenda do Sítio.

Queríamos olhar o rosto destes homens e mulheres, falar com as gentes da terra e as do mar, pois, acima de tudo, queríamos descrever as suas vivências muito distintas. Já era tarde, não tardava a escurecer. Mas ainda tivemos tempo para ficar encantadas com a beleza da paisagem, da magia do Sítio, a sua luz e os azuis do mar e do céu … Vamos voltar!

Nazaré é uma pérola da Estremadura, localizada no distrito de Leiria, tem  o Atlântico à vista. É uma vila piscatória mas igualmente dedicada ao turismo. De muitos atrativos e de características tradicionais, destacamos o Sítio da Nazaré, onde se pode encontrar a Igreja da Nossa Senhora da Nazaré, o Hospital, o Coreto encomendado pela Confraria e a Ermida da Memória, o “Ex-libris” da vila – o Ascensor … Nazaré é uma fonte de inspiração para quem lá vive e para quem a visita.

Cultura e tradições

Da mesma forma, os usos e costumes transmitidos de geração em geração espelhados em todo o seu esplendor no folclore, no artesanato, no trajar dos pescadores, com as suas camisas de xadrez e calças pretas e as suas mulheres com as sete saias, no dialético característico, nas crenças, mitos e lendas, no secar do peixe pescado em excesso, no remendar as redes de pesca, ou nos típicos barcos coloridos… Representam, sem dúvida, a riqueza do património imaterial de uma região.

A lenda do Sítio

Segundo reza a história, o Sítio da Nazaré tem uma lenda. Abordámos gentes locais atrevidamente simpáticas que nos contaram alguns pormenores, versão popular. Ficámos curiosas, e fomos ler na página da Câmara Municipal a Lenda da Nossa Senhora da Nazaré. Sentem-se que aí vem história…

“Uma curiosa Lenda atribui o topónimo Nazaré a uma imagem da virgem oriunda da Nazareth, na Palestina, que um monge grego teria trazido até ao Mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida, no século IV. No século VIII teria chegado ao Mosteiro o fugitivo Rei D. Rodrigo, último Rei visigodo da Península Ibérica, depois da sua derrota frente aos Mouros, em Guadalupe. Aí teria encontrado Frei Romano que o acompanhou na sua fuga, trazendo com ele a imagem da Virgem e uma caixa com as relíquias de S. Brás e de S. Bartolomeu. Antes de morrer Frei Romano teria escondido a imagem numa lapa, no Sítio, onde ficou guardada durante 4 séculos, sendo então descoberta por pastores, que a passaram a venerar.

Fuas Roupinho, alcaide-mor do Castelo de Porto de Mós, tinha por hábito caçar nesta região. Conta a lenda que também ele descobriu a imagem e a venerou. Algum tempo passado, uma manhã de nevoeiro, a 14 de setembro de 1182, perseguia D. Fuas um veado quando o viu desaparecer no precipício. Alarmado pelo perigo. D. Fuas pediu auxílio à Virgem e logo o cavalo estacou salvando a vida do cavaleiro. Em ação de graças, mandou D. Fuas Roupinho construir a Ermida da Memória. Venerada desde então, a imagem teria dado origem ao nome do lugar –Sítio da Nossa Senhora da Nazareth.”

As sete saias

As sete saias da mulher da Nazaré fazem parte da tradição deste local mítico. Em suma, dizem que as 7 saias estão relacionadas com a vida do mar. Representam toda a magia e misticismo do número 7: as sete virtudes; os sete dias da semana; as sete cores do arco-íris; as sete ondas do mar, entre outras. Independentemente do significado das 7 saias o que podemos dizer é que são de uma riqueza de cor e de uma beleza rara.

 

Para mais informações pode consultar o site da Câmara Municipal da Nazaré em: http://www.cm-nazare.pt/pt/monumentos-e-patrimonio

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