“No geral a sociedade é muito exibicionista e vaidosa. Preocupam-se muito com a beleza e com a aparência. Com isto quero dizer que no geral as pessoas gostam de se mostrar, alimentam o seu ego publicando fotografias nas paginas sociais.”
Está paixão surgiu através do meu pai. Lembro-me dos passeios que fazíamos por exemplo, por Trás-os-Montes, de onde o meu pai é natural, das fotografias panorâmicas que fazia com a Yashica uma máquina de 120 mm. Captava belos momentos que agora são recordações.
Desde cedo publicaste os teus trabalhos para dar a conhecer ou por outra razão?
Foi mais uma imposição por parte dos meus professores, tínhamos objectivos ao longo dos semestres e uma maneira de eles irem avaliando os trabalhos e fotografias era através da publicação em plataformas digitais, estamos a falar dos velhinhos blogues, as páginas sociais do início dos anos 2000. Depois essas plataformas foram crescendo e os trabalhos começaram e ter mais visibilidade e ficou até ao dia de hoje, mas admito que agora a actualização desse blogue é quase nula.
Sou do interior, Fundão entre as serras da Gardunha e serra da Estrela, e existem pequenos tesouros que ia descobrindo. E ia dando a conhecer, tenho a certeza que o principal objectivo do fotógrafo é, através da máquina, mostrar a realidade do momento. É registar o momento para a sua história.
Quem sabe um dia posso pensar nisso mas o principal é sentir-me bem ao fazer estas partilhas.
Ficam desde já todos os seguidores deste blogue a conhecer-me através das redes sociais onde podem ver grande parte daquilo que eu vejo através da máquina fotográfica.
Ambição não, mas sim um objectivo, um sonho, gostava de fotografar África.
Os meus irmãos nasceram em Angola e sempre me falaram muito daquele por do sol no mar. Todos os que já passaram por África ficam com essas recordações e essa vontade de lá voltar. Mas antes ainda tenho locais em Portugal por descobrir.
Quando fazes alguma coisa que gostas, só a fazes bem se te sentires motivado. Ou como forma de terapia ou hobby. Mas todas as estações do ano são propícias para fazer fotografia e Portugal acaba por ter sítios fantásticos seja na primavera seja no inverno, cada recanto, cada pormenor mediante as estações do ano ou a luz são vistas de maneira diferente.
É um pouco das duas. Mas quando a tua memória falha sempre tens a fotografia para relembrar o momento. A fotografia é um momento que tu queres captar, aquele momento que depois passa a ser uma recordação.
Fotojornalismo tem papel importante na sociedade global que vivemos. Conheces locais em revistas ou sites que mais tarde queres conhecer, vês a realidade de povos diferentes do ocidente. Pode parecer que perdeu importância, mas é o oposto, com a facilidade de todos nós termos telemóveis na mão, conseguimos fazer notícia mais rapidamente.
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Estás disposto em contares uma história ao mesmo tempo que realizas uma das tuas sessões de fotografia?
Respondo a esta pergunta numa segunda parte, o ideal seria com fotografia como “legenda”.
A motivação sempre. Quando fazes as coisas que gostas com motivação sentes que tudo a tua volta flui de outra maneira, parece tudo de uma forma positiva e o efeito é muito melhor.
O que eu mais respeito na fotografia…, eu ainda sou um bocado da velha guarda, gosto bastante da fotografia com película, apesar de já não a fazer à bastante tempo, mas identifico-me bastante com o conceito com o envolvimento e todo o ritual. Respeito todos os que trabalham a fotografia digitalmente mas o que mais satisfação me dá é depois de todo o processo de criação em laboratório ver o resultado final.
Gostava de fazer mais fotografia, sinto essa necessidade muitas vezes ao longo do dia, mas profissionalmente não é sustentável.
Persistência. Tudo o que sou hoje como homem devo aos meus pais. Tudo o que conquistei e adquiri intelectualmente deve-se a essa persistência. A herança “genética” foi muito importante no meu crescimento.
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