Amor impossível, é um belíssimo texto de Vítor Encarnação que nos exorta a viver intensamente o amor e a vida.
“Só os que revelaram os abismos que os amantes trazem dentro de si atingiram a glória. Só os que rasgaram os corpos e enegreceram as almas, cegaram a luz, envenenaram o sangue e abriram abismos, tiveram direito à imortalidade. A dor é mais funda do que a alegria. Não há grandeza na rotina, nem na apatia.”
Pormenor de uma Obra da artista plástica Cláudia Ferro
Amor impossível
Não fiques triste. As histórias de amor mais bonitas são as impossíveis, as mais trágicas. Pensa nos livros, diz-me quais são as que perduram, diz-me quais são as que nos emocionam. Pensa, meu amor e diz-me se não são as que não têm futuro. Diz-me que autores contaram o amor banal, a relação rotineira, a paixão mortiça e se tornaram clássicos e incontornáveis. Nenhum, não há nenhum. Só os que contaram a loucura sobreviveram ao esquecimento. Só os que revelaram os abismos que os amantes trazem dentro de si atingiram a glória. Só os que rasgaram os corpos e enegreceram as almas, cegaram a luz, envenenaram o sangue e abriram abismos, tiveram direito à imortalidade. A dor é mais funda do que a alegria. Não há grandeza na rotina, nem na apatia. E queres tu que eu te ame assim sem ninguém dar por isso, assim sem sobressaltos, assim sem vertigens nos nossos corações. E queres tu que eu te ame e te dê a mão por entre roseiras e nos sentemos muitos quietos num banco de jardim e conheça os teus pais e nos casemos e compremos um apartamento e tenhamos filhos escuteiros. Como podemos nós fazer parte da história do amor belo e insano? Como podemos nós ser inesquecíveis se formos triviais?
Não fiques triste. Foge comigo para a impossibilidade. Ainda hão de ouvir falar de nós.
Texto de Vítor Encarnação: “Não fiques triste. Foge comigo para a impossibilidade.” Imagem obra da artista plástica Cláudia Ferro
Texto de Vítor Encarnação, imagens de obras da artista plástica Cláudia Ferro.
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