Reinventar e recriar!

Ponte

Reinventar e recriar – No nosso quotidiano temos vivido alterações significativas e continuamos numa fase de resposta individual e coletiva. Nesta nova forma de viver que não estávamos de todo habituados, cada uma das nossas células teve de se adaptar à condição do meio envolvente. Mais caseiros e à espera de uma solução para o que foi denominado de COVID-19. Embora as atenções estejam centradas na reação à pandemia, é fundamental pensarmos nos impactos sociais e económicos causados. No entanto, podem surgir novas formas de estar e de viver, novas negociações, novos acordos comerciais e até novos negócios, com uma janela temporal ilimitada.

A nossa relação com os outros e com o ambiente

Estamos continuamente a lutar pelos recursos naturais, mas as incertezas e as pressões que estamos a sentir permitem-nos ganhar consciência para criarmos um clima diferente e fazer crescer ideias ambientais e novas circunstâncias para a natureza que nos envolve e que está em risco.

Embora, confinados deixemos de ver o nascer e o pôr-do-sol no mesmo dia e de dormir sob as estrelas, é importante não menosprezar que as nossas casas têm sido o nosso horizonte, para melhorar o mundo em vez de o confrontar. Este cenário permitiu ventilar as casas e unir familiares através de uma linha de tempo de proximidade e interajuda. Não queremos quebrar os nossos laços familiares e profissionais porque são o nosso conforto mesmo sabendo que corremos contra o tempo em busca da ciência que nos salve. Os lares têm sido lugares de apoio incansável para salvar gerações e ao mesmo tempo um lugar finito para muitos. Talvez agora tenhamos de pensar num modelo das pessoas idosas amigas habitarem numa casa alugada e apoiada, onde a amizade perdura numa comunidade que influência de forma significativa a adaptação, aos problemas da geriatria e a disponibilidade da rede de apoio seja suportada com amor e compaixão.

Nunca é demais lembrar as gargalhadas partilhadas com os amigos e dos risos de nós próprios. Era tão gratificante sentir as alegrias de um abraço, de nos vermos ao espelho com um sorriso que nos punha no altar da beleza. Não nos podemos esquecer da enormidade do que lidamos diariamente, mesmo quando nos sentimos menos competentes ou sem os devidos acessos às oportunidades de evasão. A distinção existe e é tempo de despender energia e recursos essenciais à nossa vida e ao acompanhamento dos outros.

Embora a um ritmo mais moderado, o corpo deixou de acompanhar a nossa mente e a nossa inspiração foi sugada para estar focada numa universidade da saúde, cuja disciplina da pandemia está a ser mais exigente que a própria anatomia das coisas.

Bem queríamos viajar pelos sete continentes, olhar em frente para o destino em vez de olharmos para o passado e sabermos que o tempo não parou e que fomos arrastados para uma catástrofe humana em que não compramos o acessório e praticamos uma alimentação com base em produtos saudáveis que compramos nas hortas ditas de proximidade, de produção caseira e do conceito “bio” em prol de uma roda alimentar saudável na relação que fortalecemos com a cozinha e as refeições.

Este confinamento que nos obriga a ficar em casa tornou-se uma oportunidade para refletir, reinventar e recriar as nossas práticas diárias.

A florista deixou de ser visitada quando se pretendia oferecer flores às pessoas especiais que nos acompanham nesta jornada. Se antes arrancar ervas era uma atividade árdua, agora sabemos que precisamos de ar puro e todos temos um papel a fazer… Dedicar um tempo a semear e a plantar para que as futuras gerações consigam corrigir a madeira empobrecida que tem vindo a revelar-se nos bosques e florestas por todo o mundo. Assim como, aprendemos a dar carinho e conforto às nossas plantas é preciso repensar a forma como cuidamos das florestas.

Proponha-se fazer algo! Podemos dedicar-nos ao arranjo dos jardins da nossa comunidade e elogiar o belo aspeto dos jardins, dos relvados e o trabalho realizado por todos, nem que seja começarmos com pequenos rebentos e árvores cuidadas.

Não há muito tempo, cumpríamos religiosamente os nossos rituais diários agora, por vezes, deixamos de interiorizar algo surpreendente que está a acontecer, para nos mantermos tranquilos. De qualquer maneira, procuramos um sono reparador, reconfortante fisicamente e que nos liberte o espírito para fazer crescer os sonhos, com a expetativa de que, a esperança e a experiência contra as tribulações vividas, permitam fazer surgir formas de nos reinventarmos protegendo-nos a nós próprios e aos outros. 

Superar os medos

A vida social permitia abraçar e brindar à vida e à saúde dos presentes num almoço, num jantar ou até gritar num bar e cumprir a promessa que a próxima rodada pago eu. Na nossa casa entramos numa festa sem convite! Aproveitamos ao máximo para brindarmos à saúde, dando rotatividade à nossa garrafeira.

Sabíamos conquistar os medos e agora enfrentamos todas as emoções relacionadas com o medo. O passado é recordável, mas devemos ter mais projetos do que recordações. Só assim, em cada concretização, subimos níveis na nossa vida. Todos nós podemos construir um trajeto de crescimento, escrever a nossa biografia, tocar um instrumento musical, pintar ou fazer uma escultura que só nós imaginamos e criamos na nossa mente. Assim, conseguimos alcançar o topo de todos os nossos projetos.

Não podemos deixar que o cansaço emocional altere a nossa trajetória! Ser felizes, mesmo na aceitação de novos ciclos, com nostalgia, serenidade e tranquilidade por dentro e por fora pode ser um caminho.

Eternizamos o consumismo e as compras sem critério e agora podemos comprar o essencial e partilhar com os outros a quantidade que nos sobra diariamente, assim como, dar mais de nós nesta ajuda alimentar de quem precisa e luta por uma refeição digna.

Vencer o cansaço emocional, reinventar e recriar olhando o futuro tecnológico

A pandemia foi o nosso teste e temos de conseguir reagir, mesmo não sendo com eficácia e eficiência, pela exigência para a qual ninguém estava preparado. É necessário priorizar investimentos públicos na ciência, no entanto os nossos investimentos continuam a ser uma escassez! A ciência nos liberta, mas o seu poder não controlado não nos permite compreender o sistema natural ou tecnológico.

Muitos de nós chegámos a viver alguns anos sem internet, nestes tempos criamos um espaço no nosso mundo onde não conseguimos viver sem internet, sem o mundo digital que nos transforma todos os dias. Só no mundo digital, a barreira tem sido mais rapidamente ultrapassada, um salto para a transição para um mundo mais global.

O 5G está quase a chegar a nós no decorrer ou no pós-pandemia e será uma alteração tecnológica após o 3G e o 4G. O período de latência vai ser mais rápido, onde não vamos esperar como ocorre quando descarregamos um vídeo e até o aumento da capacidade será maior. Com a internet das coisas tudo estará conectado, tudo será pago digitalmente.  Os sensores irão comunicar em tempo real em diferentes áreas como na saúde, na mobilidade, no controlo do tráfego, na automação, nas comunicações, entre outras. Estamos atrasados para um mundo de potencialidades digitais e precisamos urgentemente de correr para ensinar e aprender sobre estas novas valências. Estamos rodeados de abundância e para alcançar o potencial inteligente, num futuro próximo teremos de lidar com máquinas superinteligentes. Agora, experimentamos sem receios, o mundo digital em que nos exprimimos com os emoji, mas o significado emocional deverá perpetuar na utilização da superinteligência.

Criamos vida com insatisfação, porque somos insaciáveis sempre em busca de algo diferente? Temos um mundo difícil e complicado porque somos predadores e queremos aniquilar os outros com atrocidades? Para alcançarmos as nossas vantagens, ansiamos, inventamos e somos feitos de sonhos de perfeição e progresso. O fascínio pela tecnologia que não nos deixa parar. Será que estamos mais felizes por um controlo material? A guerra e a paz não se coadunam. O que nos resta é perdoar como os valentes que sempre perdoam e alcançam os seus lugares, sem auxílio. Curiosamente, para sermos melhores e compreendermos os outros temos de refletir.

Reinventar e recriar – O primeiro passo num mundo novo

Ajudar o próximo, ser o melhor possível e agradecer a nossa oportunidade de viver para reinventar e recriar o nosso mundo deve ser o passo seguinte. Pela certa, no futuro iremos ter coisas maravilhosas e horrores impossíveis de imaginar e queremos melhorar as respostas dentro de nós. Nas nossas definições de pessoas boas e de pessoas más, dêmo-nos uma oportunidade de dizer não aos piores impulsos. Vamos compreender a compaixão e fortalecer laços pois uma quadra festiva se aproxima.

A natureza humana é arte. A educação, a música e a poesia podem-nos ajudar a alcançar consensos. Decorrente da conjuntura atual, a nossa enciclopédia das artes está como páginas em branco,  os pincéis e as telas existem, mas não conseguimos ver as obras em espaços físicos de exposição artística, devido à segurança física entre pessoas que nos é exigida.

Como é evidente, a criatividade e o raciocínio crítico irão ajudar na transformação e a promover novas formas espantosas de arte. A arte é vital, faz viajar no tempo e somos tudo numa só arte com diferentes capacidades e habilidades. Será que reconhecemos todas as nossas capacidades? Não temos de colapsar o nosso desempenho a um novo mundo.

Talvez perdemos a capacidade de desfrutar o aqui e agora para nos centrarmos no amanhã. Não devemos repetir, mas sim recriar e reinventar o modo como construímos o nosso aqui e agora… pessoal e coletivo, através da conjugação perfeita de quem somos e do conhecimento das nossas vulnerabilidades.

Qual o nosso legado?

Que legado deixamos aos próximos? Como salvamos a humanidade com cenários alternativos? Pode ser uma história para ser escrita, mas é uma realidade em que lutamos pela nossa vida e a dos outros.

As nossas reflexões sobre dias incertos, em que é urgente reinventar e recriar mantendo uma esperança consciente, expressas em três artigos.

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